Diálogos sobre educação, arte e cultura - Pedagogias Decoloniais

03 a 29 novembro 2021

Os núcleos educativos dos espaços mantidos pelo Instituto Cultural Vale – o Memorial Minas Gerais Vale, o Museu Vale, o Centro Cultural Vale Maranhão e a Casa da Cultura de Canaã dos Carajás – reuniram-se para promover os Diálogos sobre educação, arte e cultura. Será um mês inteiro dedicado à educação.

Para o primeiro módulo, foi escolhido o tema Pedagogias Decoloniais. Trocas, rodas de conversa e propostas artísticas aprofundarão a percepção sobre dinâmicas coloniais do poder, do saber e do ser, e como elas ainda estão refletidas em nossa sociedade. Conheça a programação:

 

03/11, às 19h, pelo Youtube do Museu Vale

Abertura com representantes dos núcleos educativos dos quatro espaços do ICV;
Seminário Contra-colonialidade e criação: novos sentidos e mediações, com Prof. Dr. João Porto e o doutorando e artista Jean Fontes. Mediação: Nelma Cristina Silva.

04/11, às 19h, pelo Youtube do Memorial Minas Gerais Vale

Seminário Repensando as poéticas do corpo: Corporeidades presentes e ausentes nas narrativas do museu, com Dodi Leal.

08/11, às 19h, pelo Youtube do Centro Cultural Vale Maranhão

Seminário O negro no cinema: Imagem e transformação, com Joel Zito Araújo (foto) e Mariana Jaspe.

09/11, às 19h, pelo Youtube do Memorial Minas Gerais Vale

Seminário Repensando as poéticas do corpo: Corporeidades presentes e ausentes nas narrativas do museu, com Renato Noguera.

11/11, às 19h, pelo Youtube da Casa da Cultura de Canaã dos Carajás

Seminário Identidades potentes – A importância de conteúdos regionais e tradicionais no ensino da música, com Sonia Maria Chada e Líliam Cristina Cohen e mediação de Edilberto José de Macedo Fonseca (foto)

Eu não ando só - Mostra Joel Zito e convidados

A mostra identifica percursos que operam diretamente na transformação da imagem do negro no cinema, afirmando presenças e questões de grande importância na construção de novas perspectivas sobre o tema. Como convidado especial e curador da mostra, teremos o cineasta Joel Zito Araújo, expondo parte de sua obra.

A curadoria conta ainda com obras importantes dos artistas Zózimo Bulbul, Gabriel Martins e Chica Santos, compondo uma série de produções comprometidas com a formação do pensamento crítico, atuando na decolonização do imaginário sobre o negro no Brasil.

Os filmes serão exibidos de forma virtual e presencialmente no CCVM, respeitando os protocolos de segurança.

Dia 05 de novembro, às 19h

Alma no olho, de Zózimo Bulbul. 11 min

Meu Amigo Fela, de Joel Zito Araújo. 94 min

Dia 12 de novembro, às 19h

Nada, de Gabriel Martins. 27 min

A Negação do Brasil, de Joel Zito Araújo. 91 min

Dia 19 de novembro, às 19h

Estamos todos aqui, de Chica Santos. 19 min

Raça, de Joel Zito Araújo. 106 min

Dia 26 de novembro, às 19h

O início do fim, de Joel Zito Araújo. 7 min

Filhas do vento, de Joel Zito Araújo. 84 min

Eu não ando só. Muitos bons me antecederam, excelentes nomes andam ao meu lado, e muitos grandes potenciais nos sucedem. E esse é o espírito dessa Mostra. Um pequeno panorama do cinema que faço e do que é feito por cineastas negros de distintas gerações, e ele não surgiu de mim, mas daqueles que me convidaram, o Centro Cultural Vale Maranhão, me dando a dupla honra de ser o curador e de por na centralidade da Mostra os meus filmes.

Zózimo Bulbul foi incluído por ser um pioneiro. Ele entendeu antes de todos nós o quanto era destrutivo para a comunidade negra o mito da democracia racial, e traduziu isto muito bem em seus filmes que começaram a ser realizados nos anos setenta. Este seu legado influenciou fortemente a minha geração. Nesta Mostra, trazemos o seu trabalho mais incrível, Alma no Olho. Finalmente reconhecido e celebrado pela Bienal de São Paulo, essa que a meca das artes plásticas do Brasil, como uma grande obra de arte que é.

Ao meu lado, andam muito bem em suas próprias pernas, os integrantes da criativa, e internacionalmente reconhecida, a produtora mineira Filmes de Plástico, constituída por Gabriel Martins, André Novais e Maurílio Martins. Escolhi o curta de Gabriel porque, entre suas inúmeras qualidades, ele também capta uma demanda revolucionária da novíssima geração de jovens negras e negros em querer não ser… Nada.  E este é apenas um bom exemplo da safra de obras criativas deste coletivo. Em sua ficha técnica entendemos muito bem que ali, nesta produtora, temos uma colmeia cheia de grandes ideias e capacidade de realização.

Mas, escolher os sucessores é um problema que sempre evitei. Como tomar uma decisão dessa diante de tantos talentos e tanta pluralidade? No período em que fui curador do Encontro de Cinema Negro Brasil, África, Caribe – Zózimo Bulbul, tive a sorte de acompanhar o florescimento de uma nova geração, com centenas de filmes brotando em todos cantos do país. Mas mesmo tendo a humildade de entender que não cabe a mim fazer a nomeação dos nossos sucessores, e que sou apenas um elo forte de uma corrente que é extensa, selecionei, dois nomes muito representativos.

Para a Mostra de curtas, escolhi Chica Andrade, com o seu filme que foi selecionado para inúmeros festivais: Estamos todos aqui. Chica é representante de um cinema que retrata com contundência as aspirações e angústias de criadores LGBTQIA+, tematizando lutas anticoloniais, antipatriarcais e pela emancipação dos corpos subalternizados. E a produtiva realizadora Mariana Jasper, convidada a participar do debate, onde exibiremos um pequeno trecho do seu mais novo curta-metragem, é um dos bons exemplos da safra recente de mulheres negras empoderadas que já estão firmemente no mercado pelo seu talento e atitude.

Enfim, é uma Mostra com poucos filmes, mas com a forte intenção de dar um painel que atravessa questões de gênero, de raça, de sexualidade, de diferentes gerações, e amplia a consciência do que é cinema negro no Brasil hoje.

Joel Zito