As formas de conhecer e ensinar indígenas são múltiplas e estão no centro da constituição de mundos e de encontros entre eles. Os saberes tradicionais de um povo são como uma árvore: raízes em seus territórios tradicionais, troncos de existências coletivas e galhos que ampliam seu alcance e lançam sementes para o brotar de novas existências, em troca com o ambiente e com todos os seres com que coexistem.
Esses saberes são dinâmicos e transformacionais: circulam pela oralidade, pelos fazeres, pelos cantos, pinturas e rituais; circulam por livros, por poesia, pela presença indígena nas universidades, nas instituições governamentais, nos fóruns e encontros internacionais; circulam por redes sociais, na produção audiovisual, em mídias eletrônicas. Se afirmam também em experiências e projetos de arte e educação promovidos em territórios e escolas indígenas.
O III Seminário de Arte, Educação e Cultura: Saberes indígenas em circulação busca realizar encontros, diálogos e vivências com artistas, lideranças, pesquisadores e educadores indígenas e não indígenas sobre diferentes modos de produção e difusão de conhecimentos e suas relações com processos de ensino-aprendizagem, abarcando experiências diversas, dentro e fora das aldeias.
Para este encontro, os convidados indígenas são dos povos Tremembé, Kaingang, Kaiowá Guarani, Mbya Guarani, Gavião, Guajajara Tentehar, Baniwa, Mebengokre Kayapó, Tabajara, Kadiwéu e Ka´apor, apresentando reflexões, fazeres e estéticas ligados ao que se costuma traduzir e entender como educação indígena. São apresentados modos de fazer, construir, cantar, cuidar, curar, embelezar, dentre os modos diversos de circulação de conhecimento. A memória e os encontros intergeracionais constituem, assim, um dos eixos principais da programação.
Paola Gibram e Rafael Pacheco
10h – Conversa aberta Existências, territórios tradicionais e a educação indígena.
14h – Oficina Saberes Tremembé: ervas medicinais, para aprender e ensinar, entre gerações
19h – Exibição dos filmes Nẽn Ga vĩ: uma retomada kanhgág em movimento e Ga vĩ: a voz do barro
20h15 – Conversa Aberta Retomadas dos kanhgág jykre – memórias, trajetórias e transformações na educação indígena kaingang
9h – Oficina Saberes do povo Gavião: plantas, artesanato, cantos e histórias.
16h – Conversa Aberta Literaturas indígenas: caminhos
19h – Conferência A escola viva do povo Baniwa no Rio Negro.
09h – Oficina Arte dos cantos e circulação de saberes do povo Guajajara Tentehar.
16h – Conversa Aberta Teko arandu: educação indígena para além da escola.
19h – Celebração de Encerramento: Cantar com o povo Ka´apor
Paola Gibram é doutora em Antropologia pela USP, pós doutoranda e professora colaboradora do Programa de Pós Graduação em Antropologia na UFGD. Suas pesquisas centram-se na relação entre artes e políticas indígenas. Trabalha com consultoria antropológica em projetos que envolvem arte indígena e é assessora do coletivo Nẽn Ga, do povo Kaingang. Trabalha também como musicista, atuando como instrumentista, compositora e arte-educadora em projetos diversos.
Rafael Pacheco é antropólogo e músico. Atua em pesquisa, formação, produção cultural, prestando consultoria antropológica para organizações indígenas, órgãos públicos e terceiro setor. Trabalha junto ao povo Xetá (PR) as implicações entre memória, estética e política. Pesquisador do Centro de Estudos Ameríndios e doutorando em antropologia social, ambos na USP, assessor da Comissão Guarani Yvyrupa (CGY) e da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SME-SP), colaborador do Armazém Memória.