II Seminário de Arte, Educação e Cultura

18 a 20 abril 2023

Com o tema Além da escola: caminhos indígenas da arte-educação, o CCVM realizará, de 18 a 20 de abril, o II Seminário de Arte, Educação e Cultura.

O seminário tem o objetivo de promover o encontro do público com educadores e pesquisadores indígenas e não-indígenas para discutir como projetos de arte-educação têm sido conduzidos por diferentes povos originários nos territórios. Será uma oportunidade de troca de experiências e modos próprios de ensino e aprendizagem de cada comunidade.

Teremos a presença de professores de diferentes etnias, como os Awa Guajá (MA), Gavião Pykobjê (MA), Guarani Mbya (SP), Kaingang (SC), Mehin Krahô (TO), Yudja Juruna (MT), Panhĩ Apinajé (TO), Tentenhar-Guajajara (MA) e Tikmũ’ũ_Maxakali (MG), compartilhando experiências que evidenciam que os conhecimentos são construídos muito além do espaço escolar, pelas histórias, cantos, pinturas e pelo viver junto na aldeia, na floresta, nas casas de reza etc.

Assina a curadoria do seminário a doutora em Linguística Flávia Berto, que desenvolve pesquisas nas áreas de descrição e análise de línguas, documentação linguística, educação escolar indígena e política linguística. É professora concursada da SEDUC-MA e oferece acompanhamento pedagógico aos professores indígenas Awa Guajá da Terra Indígena Caru, no Maranhão.

“A programação foi elaborada para ser o momento de conhecermos caminhos mais autônomos e criativos na condução de processos educativos. Por meio do (re)conhecimento da diversidade linguística e cultural, presente nos modos de existir e resistir dos povos originários, compreendemos que a educação é um processo que se dá além da escola e, muitas vezes, apesar dela”, conta Flávia.

Conheça a programação:

18 de abril

14h às 17h

Oficina Educação escolar e a luta pelo território: construindo uma escola caminhante

Aline Jáxuca Adão e Valcenir Karai Tibes

 

Aline e Valcenir irão compartilhar a luta e os desafios da construção dessa escola caminhante, uma educação escolar que fortaleça as retomadas do território, os modos de vida mbya e as práticas de transmissão de saberes e conhecimentos. Além disso, irão partilhar algumas das estratégias metodológicas que utilizam para alcançar o principal objetivo da escola: sustentada pelo nhandereko – conjunto de práticas e saberes guarani -, apoiar as crianças e jovens a aprenderem o que importa para viver com qualidade e felicidade dentro do território.
Articulação: Ana Blaser

19h

Conversa aberta Instrumentos e estratégias de valorização da diversidade linguística

José R. Bessa Freire, Marcus Vinícius Garcia e Márcia Kaingang

 

O Brasil figura entre os países com maior diversidade étnica e linguística do mundo, entretanto, a ideia de que o país é monolíngue segue fortemente enraizado e está na base do apagamento das cerca de 160 línguas indígenas faladas no país. Nessa mesa-redonda serão discutidas estratégias de valorização da diversidade linguística adotadas em cursos de formação para professores indígenas e políticas voltadas para o reconhecimento da diversidade linguística como patrimônio cultural. Serão apresentadas algumas iniciativas, como o Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL), o Grupo de Trabalho Nacional da Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032), e ferramentas como a Plataforma Nimuendajú.

19 de abril

14h

Conversa aberta Desafios da educação escolar indígena no Maranhão

Cíntia Guajajara, Jonas Gavião e Amyria Guajá

Ao menos 14 povos indígenas vivem no estado do Maranhão, sendo falantes de cerca de 10 línguas indígenas. Todas elas são classificadas como línguas ameaçadas pela Unesco. Diferentes trabalhos apontam que um dos fatores que colabora para o enfraquecimento dessas línguas é a educação escolar implementada e conduzida pelos não-indígenas. Nesses casos, as línguas indígenas acabam sendo reduzidas a uma disciplina da grade curricular das escolas. Nessa mesa-redonda, os professores indígenas irão discutir os desafios da educação escolar indígena no Maranhão e como eles têm enfrentado os obstáculos para construir uma educação escolar que priorize a formação dos professores indígenas e parta dos métodos de ensino e aprendizagem de cada povo na condução desses processos educativos.
Articulação: Flávia Berto

19h

Exibição dos filmes Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: Essa terra é nossa! e Yãy tu nũnãhã Payexop: Encontro de Pajés

Sueli Maxakali

e Conversa aberta Educação como luta e arte: experiências tikmũ’ũn_maxakali na Aldeia-Escola-Floresta

Marcinho Maxakali e Carlos Silva Maxakali

 

Marcinho Maxakali e Carlos Silva Maxakali apresentarão a história da retomada e do projeto comunitário da Aldeia-Escola-Floresta, comunidade tikmũ’ũn_maxakali onde vivem, no estado de Minas Gerais. Eles partilharão as experiências educativas na luta pela ampliação de seus territórios, além das iniciativas que têm organizado de reflorestamento, de encontros periódicos de pajés e oficinas de arte como formas de fortalecer a transmissão dos conhecimentos tradicionais e a educação diferenciada na escola da aldeia.
Durante a atividade serão exibidos dois filmes de Sueli Maxakali, o premiado “Nũhũ Yãg Mũ Yõg Hãm: Essa terra é nossa!” e o curta “Yãy tu nũnãhã Payexop: Encontro de Pajés”.
Articulação: Paula Berbert

20 de abril

14h às 17h

Oficina Alfabecantar: cantando o cerrado vivo

Gregório Huhte Krahô, Júlio Kamer Apinajé e Alexandre Herbetta

 

Alfabecantar trata, então, tanto de educação ambiental quanto de educação musical, refletindo sobre as possibilidades e condições de práticas pedagógicas musicais e decoloniais na escola e além dela, e estimular a construção de novas matrizes curriculares, pautadas nas potencialidades presentes nos conhecimentos dos povos originários, que se articulando a outros saberes, podem colaborar na construção de outras escolas e outros mundos possíveis. Sustentáveis. Vivos.
Articulação: Alexandre Herbetta

18 a 20 de abril - Programação para escolas convidadas

Oficina Yudja iwïre ã’ã pe seha: aprendendo com os Yudja

Yabaiwa Juruna, Karin Juruna, Tawaiku Juruna, Dayalu Juruna e Sedayadu Juruna

O povo Yudja, “dono rio”, conhecido também como Juruna, é um dos grupos habitantes do Rio Xingu. São falantes de língua de mesmo nome, que faz parte do tronco linguístico Tupi. Atualmente, os Yudja residem no Parque Indígena do Xingu (MT) e na Terra Indígena Paquiçamba (PA).
Durante as oficinas, professores Yudja, por meio de seus métodos próprios de ensino, conduzirão os participantes no aprendizado de aspectos de sua língua, de sua história, de seus cantos, de seus grafismos, do seu modo de viver.
Os Yudja têm lutado para construir uma educação escolar que possibilite a capacidade de comunicação entre mundos. É nesse sentido que eles vêm a São Luís, com o objetivo de ensinar e de aprender, de trocar, junto com indígenas de outras etnias e com os não-indígenas.
Articulação: Tawaiku Juruna