POÉTICAS DO INFINITO
Infinitos, exposição de arte imersiva, será aberta na terça (19), às 19h, no CCVM
A exposição apresenta um panorama da obra da dupla Cantoni-Crescenti, com parti-cipação de Raquel Kogan. É a primeira vez que as cinco obras, que já passaram por diversos países (Alemanha, Áustria, Bélgica, Canadá, Colômbia, Coréia do Sul, Di-namarca, Espanha, Holanda e Rússia), são expostas em conjunto, criando novas re-lações e efeitos para mexer com a percepção do público. Todas as obras dialogam com a ideia de infinito, que é traduzido de diferentes maneiras.
Em 2017, três obras da dupla Cantoni-Crescenti haviam sido exibidas na exposição coletiva File São Luís: arte e tecnologia, que inaugurou o CCVM. “Essas obras tiveram grande impacto para o público de diferentes perfis, a pesquisa e os resultados obtidos pela dupla Cantoni-Crescenti são muito instigantes e achamos que seria interessante trazê-los para uma panorâmica de seus trabalhos. Partindo de princípios da Física e da Matemática, lançando mão da tecnologia na execução sempre precisa, os artistas nos oferecem obras visualmente exuberantes e fortemente poéticas, que aguçam nossos sentidos para além da visão, alterando nossa percepção e convidando à refle-xão”, explica a curadora Paula Porta.
A artista Rejane Cantoni, que está em São Luís para a abertura da exposição, iniciou sua pesquisa sobre arte e tecnologia nos anos 80, em parceria com Leonardo Cres-centi, vem desenvolvendo trabalhos imersivos-interativos desde 2005. Ela destaca que Infinitos é uma exposição interativa e imersiva. Um conjunto de obras que dialo-gam com a arquitetura do Centro Cultural Vale Maranhão para proporcionar uma alte-ração da percepção e dos pontos de vista, uma ampliação das possibilidades de ver o espaço, que se transforma à medida que cada visitante interage com as o bras. Elas nos apontam que é possível olhar de diferentes pontos de vistas, que a linha de hori-zonte de cada um pode ser alterada.”
Jardim Suspenso (uma instalação espelhada que interage com o vento e o sol, inter-ferindo em todo o espaço) dá visibilidade ao que está invisível à percepção imediata, refletindo elementos que frequentemente a visão não costuma alcançar.
Parede (uma escultura cinética de seis metros, com espelhos móveis que propiciam ver de diferentes ângulos) é uma parede que não é parede, pois permite ver através e além. Quando o visitante passa por ela aciona um motor que faz rotacionar os es-pelhos, multiplicando o que se vê.
Tubo incorporou para esta exposição a força da paisagem local e sua transformação constante, causada pela maré. A obra leva o público para dentro de um telescópio espelhado de doze metros, que reproduz essa paisagem de infinitas formas. “Quisemos trazer para dentro da obra este tesouro das marés do Maranhão – que tem a maior variação do Brasil. A gente acaba se acostumando a paisagem, às vezes nem olhamos muito para ela. Nossa missão em Infinitos é resgatar, propor um outro olhar”, explica a artista. A paisagem ludovicense foi capturada durante 24 horas, por Jonas Pires, especialmente para esta obra.
Auto-Íris nos faz ver como uma câmera vê, ou melhor, nos mostra o resultado da visão de três câmeras captando em tempo real. Por isso, o que é projetado é diferente a cada minuto, nunca se repete integralmente.
Água, projeto criado com a participação da artista Raquel Kogan, é um tapete de es-pelhos, que reflete por todo o espaço a força desse elemento que cerca São Luís, transformando-o completamente. Permite vivenciar, no espaço fechado, alterações causadas pelos nossos passos, que não são percebidas, por exemplo, quando caminhamos a beira-mar. Esta obra envolveu uma grande pesquisa de materiais para poder ativar nos visitantes seus diversos sentidos e tocá-lo física e sensivelmente.
As obras presentes na exposição ganham novos contornos a cada montagem, de acordo com as características o espaço. Mas em todos eles a interação com o público é intensa. Para a artista Rejane Cantoni, “as obras trabalham uma reativação do corpo e da percepção sensorial ao evidenciar fenômenos e sensações presentes no cotidiano, mas que passam despercebidos”.
A exposição será aberta no dia 19, às 19h, e poderá ser visitada até 27 de julho. A en-trada é gratuita e o agendamento de escolas e grupos pode ser feito pelo e-mail agendamento@ccv-ma.org.br.
Os artistas
Cantoni-Crescenti (São Paulo/SP) A dupla de artistas pesquisa e desenvolve in-stalações imersivas e interativas. A partir de 2005 teve participação em mostras e fes-tivais nacionais e estrangeiros: Ars Electronica, The Creators Pro-ject, Glow, STRP, FILE, Zeebrastraat, Mois Multi, Copenhagen Contemporary Art Fes-tival, Thingworld. International Triennial of New Media Art Beijing, Ruhrtriennale 2014, Itaú Cultural, Espacio Fundación Telefônica. Recebeu o Prêmio Ita& uacute; Cultural por VOZ (2014), o prêmio VIDA 13.2 por FALA (2010) e a menção especial do Prix Ars Electronica para TÚNEL (2010).
Rejane Cantoni possui dois pós-doutorados em Artes pela Universidade de São Paulo; doutorado e mestrado em Comunicação e Semiótica pela PUC de São Paulo e mestrado pelo Programa de Estudos Superiores de Sistemas de Informação pela Universidade de Genebra (Suíça). Foi vice-diretora e professora da Faculdade de Ma-temática, Física e Tecnologia da Universidade Católica de São Paulo.
Leonardo Crescenti (In Memorian) Arquiteto e artista, a partir de 1978 passou a in-vestigar e desenvolver projetos em várias mídias e suportes. Dirigiu 13 curta metra-gens, obtendo várias premiações em festivais nacionais e internacionais, participou de três edições da Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes.
Raquel Kogan é arquiteta e iniciou seu trabalho artístico como pintora e gravadora. Sua pesquisa está direcionada para a interação, utilizando recursos multimídia. Foi diversas vezes premiada e participou de mostras e festivais como Ciber@rt 2004 (Bil-bao, Espanha); Zentrum für Kunst und Medientechnologie (ZKM) (Karlsruhe, Ale-manha) e a 7ª Bienal do Mercosul.
A visitação segue até 27 de julho. De terça a sábado, das 10h às 19h. Entrada gratuita. Classificação Livre