Os Kanela Ramkokamekrá fazem parte da imensa família Timbira, a qual outros povos também são reconhecidos, entre os quais, os Krikati no Maranhão, os Kraho no Tocantins e os Kykatejê no Pará.
Os cantos apresentados para esse documentário são uma pequena amostra do vasto repertório musical celebrado nas cerimônias festivas intituladas Amjkin, das quais se destacam o ritual Pepka hác para nomeação das lideranças Timbira; o Tepyarkwá, a grande Festa dos Peixes que reúne muitos convidados; e o Kokrit, a festa das máscaras.
As cores e os sons se destacam na paisagem do cerrado maranhense. A polêmica estrada de barro vermelho, que rasga a Terra Indígena Kanela, abre caminho para as fazendas da região, e nos leva também ao pátio central da aldeia Escalvado, ainda em formato circular, característica comum a esses povos, e é de lá que ecoam, madrugada à dentro, os cantos Ramkokamekra.
Este documentário registra o processo de construção e execução do trompete Iburi, dos índios Ticuna, instrumento que é tocado durante a Festa da Moça Nova, ritual de iniciação feminina dos Ticuna. A moça que menstruou pela primeira vez ficará reclusa até que seja aprontada sua Festa, ao final da qual ela sairá da reclusão. Atrás do local de reclusão ficarão os instrumentos que aconselharão a moça. Tais instrumentos não podem ser vistos por mulheres, crianças e principalmente pela moça que está sendo iniciada. Paralelamente à construção do Iburi, o filme mostra a história de To’oena, a “primeira moça nova” que, no tempo do mito, quebrou este tabu e pagou com a própria vida.
Os estudos na Etnomusicologia indígena no Brasil vêm se expandindo crescentemente desde a década de 1980 e apresentam, em formato acadêmico, as diferentes formas de existir e fazer música de diferentes povos.