Indígenas.BR - Festival de Músicas Indígenas.BR - Programação 11/09

Dia 11/09 – sábado – 19h

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Mostra de documentários
– Resistência Nativa: Ayvú Anhenteguá – 4 Ventos Produções – Direção: Leonardo Solda
– Nhandesy – Direção: Graciela Guarani
Mostra de videoclipes
– Feminicídio – Anaranda MC
– Rapé – Nelson D feat VJ Soave
– Resistência Nativa – Kunumi Mc, Brô Mc’s, OZ Guarani
Show
– Demarcação dos palcos e das terras indígenas* – Edivan Fulni-ô, Oz Guarani (SP)
Bate-papo
– Rap nativo – MCs na roda – Brô MCs e Oz Guarani. Mediação: Renata Tupinambá.

Resistência Nativa: Ayvú Anhenteguá

Quatro Ventos Produções apresenta Resistência Nativa: Ayvú Anhenteguá. O médio documentário traz olhares da cultura guarani para com a natureza, mentalidade e atitude.

A equipe realiza uma imersão no universo do povo guarani, permitindo serem direcionados pelos mesmos. Tal fato se reflete no ritmo da obra e no próprio título, escolhido pelos entrevistados, que significa “assunto forte” ou “assunto verdadeiro”. O documentário conta com depoimentos de dez pessoas e transita entre assuntos como rap, literatura, escolaridade e espiritualidade. Além de contar com um videoclipe da primeira cypher indígena do Brasil, realizada pela Matte Records junto de Brô Mc’s, Kunumi Mc e OZ Guarani.Provocativo, porém descontraído, “Resistência Nativa: Ayvú Anhenteguá” traz a tona assuntos de extrema importância para a sociedade.

Produção Geral: 4 Ventos Produções
Produção Executiva: Coletivo Cultura Viva
Direção: Leonardo Solda
Direção de som: Vinicius Flausino
Pesquisa e roteiro: Quatro Ventos Produções Coletivo Cultura Viva
Entrevistados: Olívio Jekupé, Kerexú Mirim, Valdir Karaí, Werá Jekagua Mirim (Kunumi Mc), OZ Guarani. Jeffersom, Mirindju, Bro Mc’s, Bruno Veron, Clemerson Batista, Kelvin Peixoto, Charlie Peixoto
Realização: Quatro Ventos Produções

Nhandesy

Nhandesy traz uma narrativa intimista com a ancestralidade originária e sua maneira de ver e sentir a “nossa mãe, nossa terra”, e, ao mesmo tempo, faz um alerta de como a humanidade tem a  tratado. O doc tem como fio condutor a música Mamo oyme ndory, Tekoha pyma oyme (Onde está sua alegria ela está no tekoha).

Direção: Graciela Guarani
Gênero: Documentário
Fotografia: Graciela Guarani e Alexandre Pankararu
Montagem: Alexandre Pankararu

Feminicídio - Anaranda MC

Randa Kunã Poty Rory, jovem do povo Guarani-Kaiowá, é o nome de Ana Lúcia ou Anarandá Guarani, como é conhecida, e significa “mulher flor brilhante, carismática e comunicadora”. A jovem artista, estudante de gestão ambiental na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), conta que decidiu ser cantora para transmitir ao mundo a cultura e a realidade do seu povo por meio da música.

Rapé – Nelson D feat VJ Suave

Os artistas visuais VJ Suave e o músico Nelson D se juntam nessa colaboração  que mistura elementos sonoros e visuais da ancestralidade indígena brasileira com a psicodelia e a fecundidade da tecnologia eletrônica. Rapé (“caminho” em língua Nheengatu) é um caminho audiovisual onde as músicas autorais de Nelson D se refletem numa sequência magica e frenética dos duos de Vj’s. Por meio de animações e capturas de vídeos, o grupo de artistas transitam ao redor de dois argumentos: a identidade indígena no nosso tempo e a importante entidade da natureza e da terra. O que significa ser indígena na nossa contemporaneidade? Como se expressa a pluralidade indígena na nossa sociedade quando a maioria das vezes essa última a invisibiliza?

Como a experiência indígena se expressa por meio de diferentes tecnologias não originárias? Essas pautas se intervalam no curso do show com a importante presença da natureza, interpretada como gerador de vida animal e vegetal, espalhador de fauna e flora com os quais os seres humanos ainda não concretizaram uma simbiose respeitosa e próspera.

Flores tropicais luminescentes, onças endeusadas, insectos psicodélicos e muitos mais elementos se tornam os objetos pela criação de cenas e padrões visuais, acompanhando o caminho sonoro criado pelas canções do Nelson, que explorando diferentes BPM, cria uma trilha sonora épica e, ao mesmo tempo, dançante. Uma experiência indígena futurista que não deixa de gritar uma mensagem social e ambiental urgente.

Nelson D
Produtor musical, DJ, músico, cantor e performer. Natural de Manaus no Amazonas, foi adotado por uma família italiana em 1986. Cursou Artes Plásticas em Milão, mas escolheu São Paulo para difundir seu trabalho de músico e produtor musical. Como um estrangeiro em sua própria terra, em uma veste psíquica alienígena indígena, sua música é uma invocação de retorno ao seu ‘corpo território ancestral’, um chamado para seu povo cujo nome foi apagado.
A pesquisa musical do Nelson D mergulha nas fontes da música eletrônica e das culturas indígenas, misturando sonoridades orgânicas e tradicionais com processos tecnológicos, encaixando-se no conceito de Futurismo Indígena. Segue um caminho sonoro íntimo onde oficialmente o artista se confronta, não apenas como produtor musical, mas também em veste de performer, num rito futurista por ecos ancestrais em busca de memórias originárias, um convite profanador que se torna ‘sagrado’ e um corpo que não se define, nem limita, mas transborda rupturas na reexistência fora do tempo cronológico, abandona rótulos, etiquetas, revelando liquidez de identidades na pós modernidade e contrastes culturais.
As referências do Nelson são artistas como Tricky, Radiohead, Young Fathers, Prodigy, Son Lux e Tanya Tanaq. Nelson D faz dos próprios Beats um transe ritual, entre diferentes ritmos, com um mood obscuro e melancólico meio Trip Hop, sem perder a roupagem Rock e indígena que acompanha todo seu trabalho. Os temas encarados também remendam à vivência da mata urbana paulistana com as suas contradições.

Resistência Nativa – Kunumi Mc, Brô Mc’s, OZ Guarani

Resistência nativa já nasceu grande: é o primeiro cypher indígena produzido no Brasil – com versos em português e guarani. A união do rapper Kunumi MC com os grupos Oz Guarani e Brô MC’s, pioneiro do gênero no país, gerou uma música potente, que ao mesmo tempo denuncia o extermínio dos povos originários e dos recursos naturais, oferece uma conexão com o ouvinte – a sensação de pertencimento é inevitável. A faixa foi produzida por Vinícius Flausino (Healing Fox), autor do beat e da mixagem.

O clipe de Resistência nativa, dirigido pelo produtor audiovisual Leo Solda, abre com o escritor Olívio Jekupé, pai de Kunumi MC, exaltando a mensagem passada durante o cypher. “Rap escrito com pensamento nativo, que retrata uma realidade, não uma ficção, e sim uma tradição vivida de coração que irá nos contar nessa canção”, declama o poeta, que vive na aldeia Krukutu, em Parelheiros (SP). São sete minutos de versos contundentes e abordagens diferentes, do trap ao speed flow. As filmagens, realizadas também em Jaraguá (SP) e Dourados (MS), terra dos grupos Oz Guarani e Brô MC’s, respectivamente, enriquecem o discurso dos cantores.

Kunumi MC
Conhecido mundialmente por levantar a faixa DEMARCAÇÃO JÁ na Abertura da Copa do Mundo de 2014, Werá Jeguaká Mirim tem 20 anos e dois discos já lançados: o EP de estreia, My Blood is Red (2017) e o álbum Todo Dia é Dia de Índio (2018).
Além de rapper, também é escritor e tem dois livros publicados – um com o irmão, Tupã Mirin, chamado Contos dos Curumins Guaranis e outro que ele escreveu sozinho, Kunumi Guarani. Vale destacar também o livro Kunumi MC – O Guerreiro da Copa, escrito pelo seu pai, Olívio Jekupé, lançado com prefácio do ator Lázaro Ramos. A obra conta a saga de Kunumi durante a Copa do Mundo
Seu irmão Tupã, inclusive, acompanha Kunumi nos palcos como DJ Tupan e, juntos, levam a força do Rap Nativo, novo segmento do Hip Hop, que nada mais é que a criação musical a partir da visão de um indígena nativo sobre a sua própria cultura. Além do rap, Kunumi mergulha também nos cânticos sagrados, músicas de cura, como é o caso de Jaguatá Tenondé, seu lançamento mais recente.
O artista também é a estrela principal do documentário My Blood is Red, produzido pela britânica Needs Must Film. O filme, registrado em 2016, levou o artista a diversas aldeias indígenas pelo Brasil para conhecer de perto a realidade de povos de diferentes etnias. Um desses encontros foi com a líder Sônia Guajajara. Ao longo dessa trajetória, ele pode ser testemunha da violência praticada pelos ruralistas, madeireiros, garimpeiros e políticos contra os indígenas. No paralelo, Owerá (Kunumi) se encontra com Criolo, um dos mais importantes rappers do país, que o abençoa e emociona em um encontro de dois gigantes de diferentes gerações.

Demarcação dos palcos e das terras indígenas – Edivan Fulni-ô e Oz Guarani

“A luta indígena continua em todo território ancestral, e nós jovens somos os protagonistas dessa missão herdada por nossos anciões e ancestrais, colocando em prática o que aprendemos em nossas aldeias e vivências indígenas em prol dos povos indígenas, da floresta e dos nossos direitos enquanto originários de Pachamama. A Música Indígena Contemporânea vem com tudo para fortalecer, e aqui as boas vindas para vocês na imersão de nossa música indígena. Demarcação já dos palcos e das terras”.

Som: Ian Wapichana
Imagem: YouTube + Hortência Sant’ana.
Edição: Hortência Sant’ana e Daniel Scandurra
Roteiro: Edivan Fulni-ô
Produção: Edivan Fulni-ô
Banda: Oz Guarani (Jefersom Xondaro, Mirindju Guarani) e Edivan Fulni-ô (Voz, violão e percussão).
Apoio Técnico: Brisa Flow e Haxatag
Agradecimento: Renata Aratykyra Tupinambá (Originárias Produções) e Casa Amarela de Cultura Coletiva.
Edivan Fulni-ô
Artista indígena, cantor e compositor do povo Fulni-ô de Pernambuco, nascido em Salvador e cresceu junto ao povo Pataxó Hãhãhãe no sul da Bahia. Hoje vive em São Paulo e tem realizado trabalhos autorais que dialogam com questões contemporâneas. Tanto a história pessoal como a performance de Edivan são parte da memória viva da histórica união entre povos indígenas e afrodiaspóricos nesse território chamado Brasil.
Em suas canções, promove a quebra de estereótipos sobre essas figuras históricas, em uma visão de mundo cantada a partir da perspectiva indígena e da florestania – a floresta como sujeito. Além disso, mergulha em questões humanas universais, como o amor, a amizade, os sonhos e as relações humanas. Para o festival, Edivan se reuniu com o grupo de rap OZ Guarani.

Bate-papo – Rap nativo – MCs na roda

Participantes: Brô MCs e Oz Guarani.

Mediação: Renata Tupinambá.

 

Muitos jovens indígenas têm se enveredado pelo rap para reivindicar seus direitos à terra e a seus modos de existir e ver o mundo.  O  discurso de confronto para tomar posse no cenário político do país na luta pelos seus direitos enquanto “indígenas” e, assim como uma forma de falar sobre suas práticas espirituais intercalando cantos sagrados (mborai).

Oz Guarani
Fundado em 2014 o grupo de rap indígena OZ GUARANI é formado por jovens guerreiros Guarani M’byá residentes da Terra Indígena Jaraguá em São Paulo, que interpretam canções de resistência e de fortalecimento da luta indígena por seus direitos, através do rap e do hip hop, idealizando um projeto de reflexão e cultura, conhecimento e resistência pela da música.
Os xondaro kuery, palavra que significa guerreiros na língua Guarani, que formam o OZ GUARANI trazem nas rimas a representação da luta em ritmo e poesia, tomam para si a missão de divulgar as necessidades do seu povo, relatam os problemas diários sofridos na comunidade além de narrar o histórico conflito pela demarcação das terras e a resistência indígena.
Em 2017 uma equipe se reuniu em uma ação colaborativa de produtores musicais, para aprimorar o trabalho do grupo. Cada produtor criou novas bases e cedeu sua criação ao grupo. Essa iniciativa se deu a fim de iniciar um projeto de gravar um CD sem usar as batidas disponibilizadas na internet. Foi então que talentosos e conhecidos profissionais foram convidados para essa ação: DJ Tudo criou as batidas da canção Pemomba Eme e consecutivamente, DJ Jeff Bass da canção Guerreiro, Thiago Pinheiro da canção Conflitos do Passado, Malak Beatz da canção Contra PEC, Ismael Lima da canção O Índio É Forte e Gaspar Z’África Brasil a canção Xondaro Ruvixá.
Bro Mc´s
Formado pelas rappers Charlie Peixoto, Kelvin Peixoto, Clemerson Batista Veron, Bruno Veron, o Brô é considerado o primeiro grupo de rap indígena no Brasil. Os quatro integrantes vivem nas aldeias Jaguapirú e Bororó, que ficam na cidade de Dourados em Mato Grosso do Sul. Seus raps misturam português e guarani para falar de seu cotidiano.
O Brô MC’s começou quando Veron frequentava a Escola Municipal Indígena Araporã, em 2006. O diretor, à época, pediu aos alunos que apresentassem um trabalho falando sobre o meio ambiente, mas num formato diferente, que fugisse aos padrões acadêmicos normais.
Foi então que Veron Brô MC’s – Koangagua começou a rimar guarani com português no ritmo do hip hop. Anos mais tarde, em 2009, uniu-se aos colegas Clemersom Batista, Kelvin Peixoto e Charlie Peixoto para montar o grupo. Desde então, gravaram um CD, planejam o segundo e se apresentaram em diferentes partes do país, como São Paulo Rio de Janeiro, Minas Gerais e Brasília – inspirando também a criação de outros grupos de rap.
Em 2009 o Brô MC’s lançou seu CD no Festival Conexão Hip Hop – Dourados, logo em seguida a música Eju  Orendive estreou no portal do MinC e da MTV. Em  seguida lançaram o CD Fase Terminal, o videoclipe “No Yankee” 2009. Já em 2010 o grupo tocou na posse da Presidente Dilma. Apresentaram-se no  Fórum Social Temático, 2012.  Show  Brô MC’s no programa de TV Altas Horas.
Em 2016, o grupo participou das  gravações da série de TV Guateka;  além de diversas apresentações nas unidades do Sesc de São Paulo.  Em 2018 o grupo  participou de um ciclo de palestras e shows no Museu “Weltkulturen”, em Frankfurt, na Alemanha e recebeu o prêmio Marçal de Souza Tupã’y. A música “Terra Vermelha” está na trilha sonora do curta-metragem “Em Busca da Terra Sem Males” exibido na Mostra Geração do 7° Festival Internacional de Cinema de Berlim.
Renata Tupinambá
Jornalista, produtora, poeta, consultora, curadora, roteirista e artista visual. Trabalha e pesquisa a comunicação voltada para decolonização dos meios de comunicação, fortalecimento das narrativas indígenas no cinema, TV,  literatura, áudio e música.
Atua desde 2006 com difusão das culturas indígenas e comunicação. É Co-fundadora da Rádio Yandê, primeira web rádio indígena do Brasil. Colaboradora do Visibilidade indígena. É co-roteirista da série Sou Moderno, Sou Índio do Cine Brasil TV. Foi assistente de produção e comunicação no Observatório de Ecos do músico Marcelo Yuka. Criadora do podcast Originárias, primeiro no Brasil de entrevistas com artistas e músicos indígenas, que íntegra a central de Podcasts femininos PodSim. Atualmente trabalha também na produção de artistas e músicos indígenas.