Território Corpo - Rua

O programa Território Corpo abre espaço para o fazer artístico e para o diálogo sobre as relações entre corpo, arte e sociedade a partir de diferentes perspectivas. Entendemos território enquanto corpos e espaços onde são criadas e vividas um conjunto de subjetividades, individuais e coletivas, e que se entrecruzam o tempo todo.

Neste ano, o programa celebra a RUA enquanto lugar de criação e experiência artística, onde produção e fruição cultural se misturam para gerar conexões no espaço público e apresentar, por meio de ações estéticas, as urgências do agora.

“Na rua, os territórios do corpo fazem morada e constroem imagens, habitam os fluxos urbanos, compõem as arquiteturas e perpassam pelo campo do material e do imaterial. Há uma cultura e uma pluralidade estética que é própria da rua, há uma beleza na existência que só acontece no encontro com a rua. Assim, ir ao encontro da rua e das potencialidades artísticas que esta oferece, pode ser uma maneira de ir ao encontro de si mesmo na relação com o outro, na relação com mundo”, afirma o professor e diretor teatral Abimaelson Santos, que assina a curadoria do programa com o artista Calu Zabel.

A programação traz uma série de performances, intervenções urbanas, experimentações artísticas, oficinas, debates e residência que tomam as ruas e a paisagem do centro de São Luís enquanto palco para o acontecimento artístico. Conheça:

Oficinas

Oficina Trajetórias Desviantes, com o Coletivo DiBando | 13 e 14 de outubro, às 9h

Trajetórias desviantes é uma vivência que parte dos disparadores que orientam a ação performativa ‘Desvio Padrão’. A intenção é possibilitar, em dois dias de atividade entre sala e rua, um espaço onde corpas que se compreendem na mira da estrutura colonial cisnormativa possam partilhar experiências, projetar travessias e criar uma ação urbana coletiva.

Ponto de encontro: Casa do Tambor de Crioula na Rua da Estrela

Oficina Afrobuck, com Gilvan Santos Outsider | 15 e 16 de outubro, às 15h.

O Afrobuck é a união de várias linguagens dentro das danças urbanas, que surgiu de uma forma experimental pelo dançarino nigeriano Nas Magnificent, e que expressam a força e o vigor de uma dança que restaura a integridade corporal e a ancestralidade, e que estabelecem conexões por meio de vivências e movimentos do dia a dia.

A oficina vai gerar uma performance que vai acontecer no Mercado Central no dia 16.

Ponto de encontro: Casa do Tambor de Crioula na Rua da Estrela


Oficina de Lambe, com Dinho Araújo, 16 e 23 de outubro, às 14h

A fotografia e a performance interagem como modos de encontro com o espaço da Praia Grande e do Desterro, a partir da criação de uma dança-imagem. Dividida em dois momentos, entre conversa e prática, a ação apresenta diferentes tipos de papéis e recursos de impressão disponíveis para execução de um mural de lambe lambe, convidando a pensar o território do Centro por meio do corpo e da intervenção urbana.

Ponto de encontro: Em frente ao Chão SLZ (Rua do Giz, 167 – Centro)

 

Oficina Matrake, com Negroni e Davi Blyndex | 20 e 21 de outubro, às 15h.

Serão 2 dias de workshop, com aulas de conhecimento e expressão corporal e o tradicional vogue femme da cultura Ballroom, que nasceu nos Estados Unidos nos anos 60. E, para pôr em prática os movimentos, será realizado um desfile pelas ruas e praças do Centro de São Luís, mostrando porque o Vogue é sinônimo de ocupação, resistência e celebração da comunidade negra latino-americana LGBTQIAP+.

Ponto de encontro: Casa do Tambor de Crioula na Rua da Estrela

 

Residência artística “Encenação-paisagem: uma cena que reivindica o mundo a céu aberto”, com Francis Wilker, de 13 a 23 de outubro, às 15h.

Um espaço de reflexão sobre as perspectivas poéticas para o encontro entre cena e cidade. Para isso, abordará noções conceituais e procedimentos de criação que colocam ênfase nas potências dramatúrgicas do espaço urbano e nas possibilidades criativas a partir de aspectos como memória, arquitetura, fluxos e paisagem.

Eixos de trabalho: A percepção do espaço; Performer-sismógrafo; O corpo-cidade; Experiências com a paisagem; Fantasmas e memórias dos espaços; Composição com os lugares; Dramaturgias de percurso; e Espectador-viajante.

O percurso pedagógico proposto envolve a articulação entre teoria e prática, considerando tanto a apresentação e discussão de noções conceituais como também o desenvolvimento de um experimento cênico coletivo que será apresentado e discutido ao final da residência.

Ponto de encontro: Casa do Tambor de Crioula na Rua da Estrela

 

Confira aqui a lista de selecionades para as oficinas e residência artística

Performances

Caminho, de Erivelto Viana, 13/10, às 11h, em frente ao CCVM

Integrando a pesquisa sobre ancestralidade e as linhas da Umbanda, essa performance é uma oferenda a Exu, convocando a energia dinâmica e invisível da rua, saudando mensageiros que abrem caminhos e que reinam nas encruzilhadas. A ação será iniciada em frente ao CCVM e seguirá em direção às ruas e encruzilhadas do centro histórico.

Couraça, de Leônidas Portela, dia 13/10, às 17h, na Escadaria da Igreja da Sé

Couraça é uma performance em trânsito que expõe o registro vivo de um corpo após experimentar o isolamento, o distanciamento, a não-presença. Todo esse registro corporal desencadeia numa reflexão sobre a cura e, consequentemente, reconecta o artista às suas matrizes ancestrais. O Bumba-meu-boi é trazido como uma aparição. O miolo-performer percorre a cidade com seu couro bordado, nos permitindo fazer associações à morte, à passagem, à troca de pele, trânsitos que fomos obrigados a experimentar em nossos corpos durante a pandemia.

Mergulho III, de Áurea Maranhão, 15/10, às 17h, no jardim da Escola de Música do Maranhão

A performance “Mergulho III” investiga o ciclo vida-morte-vida trazendo para o corpo e para a cena a potência de nascer a si própria. É um convite para acessar o silêncio subaquático, de quando éramos apenas vibração.
A ação cênica se dá através da intersecção de urgências da performer com a rua/banheira e a água/apneia. Um jogo cênico é estabelecido entre imagem e música, criando ritmos e frequências sonoras, convidando os transeuntes a mergulhar nas partituras e movimentos da performer.

No pôr do sol, a cigarra voa reto, de Wilka Sales, dia 19/10, às 16h30, da Praça Deodoro ao Palácio dos Leões

Uma performance procissão, em que mulheres estarão com dispositivos sonoros presos em seus corpos, emanando sons distintos de cigarras, simulando ciborgues, seguindo um trajeto que se inicia na Praça Deodoro até o Palácio dos Leões, se encerrando ao pôr do sol. A performance é o desdobramento de uma pesquisa da artista, que já utiliza o som característico de espécies de cigarras do Norte e Nordeste, e propõe a criação de poéticas visuais para além do visível, em espaços de convergência e atravessamentos.

 

Permanência_Impermanência, de Lucas Länder, dia 20/10, na Praça Deodoro, na Praça Nauro Machado e na Praça Maria Aragão.

Permanência_Impermanência propõe um exercício de contemplação, com o intuito de criar zonas de reflexão sobre o transcorrer do tempo e sua efemeridade. Nesta intervenção urbana, o artista constrói um letreiro de 7 metros em diferentes pontos da cidade, utilizando ração de aves. Os pássaros são os principais agentes do trabalho, pois são eles que desempenham a verdadeira ação, que é a de dissipar a “PERMANÊNCIA” pela deglutição da palavra inserida no espaço.

Coiote Cego de Pedro Galiza, dia 21/10, às 11h, no Largo do Carmo

Vendado e com balões amarrados ao corpo, o performer se locomove apenas em posição de quadrúpede, enquanto grita seu próprio nome de forma incessante. E quem dita o caminho a ser percorrido é o público, que pode desatar os balões e estourá-los, produzindo o som que norteará o artista.

Revela-se/Rebela-se! de Lidya Ferreira, dia 20/10, às 16h, no Centro Histórico, em frente à Defensoria Pública

Qual a sua imagem de maternidade? Qual a sua imagem de feminino? Qual a sua imagem de corpo na cidade? A intervenção urbana Revela-se/Rebela-se!, a partir da fotoperformance, convida mulheres a vivenciarem uma experiência estética para questionar e romper com discursos e práticas que se propõem a estereotipá-las, anulando a existência de suas especificidades identitárias e de autorrepresentação. Para tanto, será utilizado um totem eletrônico, onde cada mulher poderá criar com seu corpo e com alguns objetos, três imagens referentes a maternidade, feminino e corpo na cidade.

Performance de Andrea Guzman (Chile | SP), dia 22/10, às 16h, saindo do CCVM pelas ruas do Centro

Nesta ação, a artista propõe uma relação entre escultura e performance urbana, utilizando o cabelo como território político e o objeto semântico. A partir de um estudo subjetivo do centro histórico de São Luís e suas características, a artista percorre um trajeto pelas ruas e finaliza a ação com uma espécie de “rito”.

Conversas Abertas

Dia 14/10, às 19h – Viver a cidade – olhares e experiências no centro de São Luís
com: Maria de Jesus Almeida, Jandir Gonçalves e Vicente Martins Jr.

Apresentação e mediação: Ubiratã Trindade

Nesta conversa, propõe-se um debate sobre o centro histórico de São Luís e suas potências para a criação estética. A partir do olhar dos convidados, conversaremos sobre a importância e o simbolismo da rua para a vida, para o processo de criação e para instaurar campos de memória e identidades, a rua como lugar de vivências estéticas no seu cotidiano e como plataforma de manifestações artísticas, a rua enquanto lugar vital para as relações com a cidade.

Dia 15/10, às 19h – Poéticas do Urbano – o fazer artístico na paisagem
com: Francis Wilker, Leônidas Portella e Lucas Länder.

Apresentação e mediação: Abimaelson Santos.

O que a rua pode oferecer para a criação artística e o que a criação artística pode oferecer à rua? Neste debate, os artistas irão se debruçar sobre as diversas possibilidades de criação para o contexto da rua e  da paisagem, e como as linguagens artísticas podem se potencializar tendo o espaço público enquanto plataforma de criação e de experiência estética.

Dia 19/10, às 19h – Rua das Mulheres
com Valda Lino, Andrea Guzmán Jerez e Lidya Ferreira
Apresentação e mediação: Rose Panet

A rua enquanto condição de existência e criação estética para as mulheres, entra em debate nesta roda de conversa. As convidadas irão apontar quais as principais questões que as relações entre a arte e a rua impulsionam nas suas trajetórias, pontuar sobre as potências das temáticas abordadas nas suas criações e nos seus lugares de atuação profissional. A rua das mulheres, enquanto espaço de revolução.

Dia 21/10, às 19h – Conversas sobre a rua: corpo, imagem e performance
com Áurea Maranhão, Pedro Galiza, Wilka Sales e Erivelto Viana.

Apresentação e mediação: Calu Zabel

Com intuito de construírem um debate aberto, fluído e transversal, os artistas convidados irão compartilhar seus modos de operacionalizar no contexto da rua e partindo de suas experiências de criação vão apresentar questões, pistas, procedimentos, caminhos e poéticas que atravessam suas pesquisas e experimentações no espaço urbano.

Todas as conversas serão transmitidas em nosso canal do Youtube.