Abertura da exposição virtual O Maranhão por Pierre Verger

16 março 2021

O Centro Cultural Vale Maranhão disponibilizou em versão digital O Maranhão por Pierre Verger. A exposição reúne 80 fotografias feitas por Pierre Verger, renomado fotógrafo e pesquisador das relações culturais e religiosas entre Brasil e África, que esteve em São Luís em 1948.

A exposição tem curadoria da historiadora Paula Porta, que pesquisou as 516 fotografias produzidas por Verger no Maranhão, pertencentes à Fundação Pierre Verger, sediada em Salvador e responsável pela guarda de todo seu acervo de mais de 62 mil negativos, além de documentos e biblioteca.

O francês Pierre Verger chegou ao Maranhão dois anos após ter estabelecido residência no Brasil, em um momento em que já havia se consolidado como fotógrafo, colaborador de diversos jornais e revistas. Pouco depois, Verger iniciaria sua trajetória como pesquisador no campo da história e da antropologia, que se desenvolveu a ponto de fazê-lo deixar a fotografia na década de 1970.

“No Maranhão, seu interesse de pesquisador da cultura negra já se faz notar. Seu olhar vai além da beleza do centro histórico de São Luís. Faz registros importantes nas casas religiosas de origem africana mais antigas da cidade, detém-se na faina dos estivadores do porto, cria imagens peculiares de uma pequena Festa do Divino no meio rural e do Tambor de Crioulo (sim, ele registra a palavra no masculino e captura a pouco comum punga entre homens). Produziu também fotografias raras do Festejo de São Raimundo dos Mulundus, uma das maiores festas religiosas do Maranhão, em seu local de origem e uma fotorreportagem sobre a pesca do tubarão, que rendeu belas imagens do embarque das barras de gelo”, relata a curadora Paula Porta.

Poucos fotógrafos registraram o Maranhão e seus habitantes, Verger foi um deles. O recorte proposto é  praticamente inédito. Embora apenas 20 imagens já tenham sido publicadas ou expostas anteriormente, poucas pessoas as conhecem. Assim, a exposição é um importante dispositivo para o fortalecimento da identidade maranhense, bem como para o reconhecimento de sua importância e contribuição à cultura brasileira, conta o diretor Gabriel Gutierrez.

A curadora destaca que a maior parte do que Verger viu em 1948, ainda está presente e viva em São Luís e lança aos visitantes a pergunta: “O que permanece, por que e como permanece? A exposição provoca essa reflexão e põe em relevo a força da cultura negra em nosso país, legado de culturas africanas que ainda não conhecemos tanto como deveríamos, mas que Pierre Verger nos ajudou a enxergar, melhor compreender e valorizar, em um momento em que era bem pouco reconhecido”, afirma Paula Porta.

Visitação virtual

Adotando as medidas sanitárias para prevenção do coronavírus, o Centro Cultural Vale Maranhão tem realizado sua programação de forma virtual.

A exposição O Maranhão por Pierre Verger foi montada nas dependências do CCVM, com expografia dos arquitetos Claudia Afonso e Gabriel Gutierrez, iluminação de Calu Zabel e comunicação visual de Fábio Prata e Flavia Nalon. Poderá ser vivenciada presencialmente quando as condições sanitárias estejam restabelecidas com segurança para todos.

Para que o público já possa desfrutar do contato com as imagens, a versão digital da exposição está disponível no site da instituição (www.ccv-ma.org.br) desde 16 de março. Além da exposição, oficinas, mostras de cinema, rodas de conversa e cursos compõem a programação gratuita e disponível para o público.