Nova exposição do Centro Cultural Vale Maranhão celebra os 50 anos de carreira de uma das maiores vozes brasileiras

Já se foram cinco décadas desde que Alcione deixou São Luís rumo ao Rio de Janeiro e imortalizou a música que se tornou um verdadeiro hino: Não Deixe o Samba Morrer. De lá para cá, a negra voz do amanhã já visitou mais de 30 países e foi agraciada com alguns dos maiores prêmios que uma artista pode alcançar, a exemplo do Grammy Latino, na categoria Melhor Álbum. Em comemoração a estas e outras marcas, o Centro Cultural Vale Maranhão mergulhou na vida e obra de uma das maiores vozes brasileiras de todos os tempos para homenagear seus 50 anos de trajetória na primeira exposição dedicada à cantora no Brasil: Com Amor, Alcione!

Nunca aceitando desacato, Alcione – preta e sambista – sempre cantou a figura feminina acompanhando a evolução da mulher ao longo do tempo: ciente dos seus desejos, disposta a conquistar e ter voz. Como diz a própria música: ela não é uma qualquer. E conquistou um espaço de referência na Música Popular Brasileira.

Um Brasil em tom Marrom

Alcione assombrou o público com seus sopros e com sua voz, colorindo o samba com todas as tonalidades possíveis. Todas as cores da Marrom estão presentes na exposição que tem a curadoria de Deyla Rabelo, Gabriel Gutierrez e Luciana Gondim. “Durante o processo de pesquisa, fomos percebendo que a obra de Marrom é uma grande dedicatória ao amor e principalmente às mulheres. Tudo o que Alcione cantou e tocou foi dedicado. Assim, pensamos a exposição como uma dedicatória carinhosa que trata da obra e vida da artista. O visitante é convidado a sentir esse afeto e, por ele, entender a importância revolucionária da artista para a cultura maranhense, brasileira e mundial”, explica Deyla.

Mais de 300 fotos do acervo de Alcione foram disponibilizadas para a exposição do CCVM, que também contará com dez figurinos emblemáticos de várias fases da Rainha do Brilho. O Maranhão está sempre presente, inclusive na expressão de sua religiosidade difusa, na forma de um altar construído com base nos relatos sobre as suas crenças.

O público também vai interagir com a obra da cantora, com jukebox exclusiva que traz a trilha sonora completa de Alcione, e um karaokê para os visitantes soltarem a voz com seus clássicos. A exposição também traz elementos maranhenses, como os mourões de Bumba Meu Boi, que nas cores verde e rosa ganham ares da escola de samba preferida da cantora da Mangueira. O brilho está por toda parte, fazendo jus à estética marcante e única fundada por Alcione.

Nessas cinco décadas, o roteiro inesperado conjuga a sambista que sobe as ladeiras do Morro de Mangueira, a amante do bolero que canta nos recantos chiques de São Paulo e a brincante que gira ao som das matracas do bumba meu boi. “Alcione tem um estilo único, resultado do diálogo entre as bases culturais maranhenses e todas as outras influências que adquiriu Brasil afora. Com essa exposição, o Instituto Cultural Vale celebra não só seu talento inigualável, mas também a diversidade das muitas culturas que formam a nossa cultura”, comenta Hugo Barreto, diretor-presidente do Instituto Cultural Vale.

Para Alcione, com todo o amor

A magia contagiante de todos os tambores, sejam eles de Crioula, Bumba Meu Boi ou das baterias de Escola de Samba. Alcione representa o Maranhão com força, contando para aqueles que nunca pisaram esse terreiro sobre as encantarias que habitam o seu subterrâneo. Ela abriu caminhos para que outras possam continuá-los com a cabeça erguida. À mais brasileira das brasileiras, com todo o amor…