Ocupa CCVM - Amazônia em Foco 2024

20 agosto a 30 novembro 2024

Ministério da Cultura e Vale apresentam Ocupa CCVM – Amazônia em Foco 2024. A exposição reúne os trabalhos de artes visuais aprovados no edital homônimo, dedicado a artistas da Amazônia Legal.

Sete anos se passaram desde que a primeira edição do edital Ocupa CCVM foi criada, lançada e produzida nos espaços do Centro Cultural Vale Maranhão. Durante esse tempo, passaram pelas salas de exposição, artistas que propuseram as mais diversas experiências. Se as linguagens, temáticas e assuntos variaram, uma coisa é certa, as abordagens, mesmo quando formuladas a partir de vivências locais, trataram e fizeram refletir sobre problemas e soluções da ordem humana, colocando os visitantes nas perspectivas do mundo que ocupamos. Pela segunda vez consecutiva, ouviremos as vozes que estão falando a partir do centro de um cenário especial: a Amazônia.

A primeira experiência nos mostrou um mosaico de produções que apontaram para o retrato social do território. Dentre documentários audiovisuais, vídeo-arte e fotografias, o programa conseguiu mapear produções que, em movimento, convergiam para traçar o perfil do sujeito amazônida em sua complexa relação com a morada, com a urbanidade, com a dimensão natural, com o peso do aspecto artificial da vida, ou seja, uma tentativa de delinear e dar rosto àqueles que vivem cotidianamente os limites que estão para além do delineamento político da Amazônia Legal.

O atual recorte, fruto da escolha da comissão de seleção de 2024, revela-nos outras percepções sobre os mesmos sujeitos e território, para além do retrato. Agora, as obras selecionadas dizem um pouco mais sobre o visto e o não visto dos lugares e recantos tocados pelos seres amazônidas. O encantamento está presente, não como dimensão extra-cotidiana, mas antes, como característica autêntica enquanto parte do dia-a-dia das pessoas. As relações com o desconhecido, com o divino e com o incontrolável aparecem como elemento fundante e necessário para quem pisa e vive nessa terra. A matéria é a incerteza. A impressão é a de que forças direcionam e modificam lugares, como a cara-da-coroa-da-moeda que ora revela, ora esconde. Tudo parece pertencer ao campo do outro.

Thiago Fonseca propõe novos sincretismos a partir de elementos da cultura e do trabalho popular que, de certa forma, encarnam e demarcam territórios sagrados. A partir da boia-bandeira de pesca, instrumento comum dos rios e mares do Maranhão, e do Cazumbá  do Bumba Meu Boi, o artista expande o espaço da pintura, criando a instalação imersiva em forma de altar, que se apresenta como resultante de tempos e histórias que não dominamos, mas que se mostram presentes.

 

Francelino Moraes Mesquita transgride o uso da materia do miriti, tão conhecida e empregada na confecção de brinquedos e objetos devocionais da festa do Círio de Nazaré, bem como caixas e outros continentes alimentícios, dando forma a esculturas que, ao representar bichos, gente e elementos da Amazônia, alçam-se ao abstrato-neoconcreto-amazônico, retomando as narrativas de vanguarda a partir de outro prisma.

Em “ao rés-do-chão, rente às (i)memórias”, a artista cuiabana Paty Wolff mergulha nas memórias e arquivos de família para traçar caminhos que vão além da própria identidade. No confronto entre as representações humana e natural, a artista delineia tempos, formas e seres híbridos, indicando interações sociais e históricas, migrações e rupturas, e a reconstituição de lembranças e fantasias que são tanto pessoais quanto comunitárias.

Já Fabiano Carvalho desafia nossa percepção ao propor fotografias de montagens absurdas feitas com peças de computador em meio ao ambiente natural. Por um lado reafirma a complexidade desconhecida da natureza ao mesmo tempo em que traça narrativas  ficcionais de um tempo que talvez não alcancemos.

Filho do Seringal, como se autodenomina Clementino Almeida (Tino Txai), artista indígena de Xapuri, Acre, nos leva a uma viagem pelo universo de estética xamânica em telas pintadas com a técnica urbana do grafite. Tino, em toda sua trajetória, praticou o ativismo em defesa da floresta, lembrando da importância dos povos originários, e figuras como Chico Mendes, na luta pela floresta em pé.

A diversidade das propostas artísticas apresentadas aqui encerram e documentam o que está sendo produzido na região, atualmente, mais importante do país. Como dito anteriormente, as expressões se abrem para a dimensão do outro, entendendo que não há outra possibilidade de vitalidade sem essa abertura. Que a visita à exposição ressignifique em cada um de nós os sentidos da complexa rede que a Amazônia incarna, possibilitando que façamos cada vez mais parte dela. Boa visita!

 

Gabriel Gutierrez

São Luís, julho de 2024

Travessias da Encantaria, de Thiago Fonseca

Travessias da Encantaria

Entre o Maranhão e o Pará, encontramos muitas boias com suas bandeiras, que balizam pontas de redes de pesca como pitíuzeira, serreira, pescadeira, tanto faz. Podem ser amarelas, vermelhas ou brancas e elas – as redes – ficam por baixo da maré, para que pesquem direitinho. A meio caminho embarcado, Thiago Fonseca nos revela, em sua obra “Travessias da Encantaria”, sobre aquela que canta nas beiras: um peixe da cintura para baixo, uma mulher da cintura para cima.

Lá no meio da mesma baía tem uma pedra que não afunda. Quem está sentada nela é Mãe d`Água Preta. Com sua testeira, suas braçadeiras e seu muiraquitã em amazonita, pendente no trancelim de ouro, ela dá o rio de beber ao mar, ali nas cabeceiras, no salobro, entre as águas doces e salgadas de uma maré perdida. Dona Florinda, a encantada aqui retratada, traz a aura de um nimbo costal em veludo vermelho, bordado com canutilhos e miçangas. Thiago transporta coroas de cazumbas na cabeça, feições de cavalo, jacaré e outros bichos, boneca, espingarda e facão em punho, além de um Pai Francisco.

Muitos elementos compõem sua obra. Quilha, espelho, cavername de embarcações levadas pelo tempo e que surgem aqui como o arcabouço de uma biana que outrora transportava gentes e pescados, viventes entre Maranhão e Pará. Utiliza tecidos, tintas, couro, aplica costura, pintura, astracã, paetê holográfico – tudo em uma cercadura aos moldes de um bordado de lombo de Bumba Meu Boi.

A obra Travessias da Encantaria é uma bandeira, boia de sinalização das redes de pesca, desponta como um cazumba ou cazumbá ao lado de um conjunto de estandartes flutuantes, ligando o salgado aos campos inundáveis e tremulam aqui para o nosso olhar.

 

Jandir Gonçalves

 

Natureza, Arte e Sustentabilidade, de Francelino Moraes Mesquita

ao rés-do-chão, rente às (i)memórias, de Paty Wolff

Amazônia em cores, de Clementino Almeida (Tino Txai)

MÃE DE QUEM

Ora, direis, escutar partículas é sinal de microscópica inteligência. Pois há quem considere interrompido o diálogo entre o lítio e o carbono, por alguma razão que os tenha levado a organizarem-se em grupos antagônicos. Como se houvesse algum ritmo na dança do caos. Como se as peças soltas de um relógio pudessem se juntar para criar o tempo. Como se palavras soltas fizessem sentido. E eu lhes direi, no entanto, que só existe o que tem mãe.

Sobre a base verde do mundo assenta-se a inteligência natural e contra ela não há artifícios. Entre fungos e folhas comunica-se a ideia e nas fibras ópticas transmite-se o sentimento. Que organismo gerou a primeira informação, em que beat nasceu o bit? Que caminhos estranhos trilhou o pequeno primata até chegar à ilusão de que é o único a produzir sentido – e que cria um novo mundo cada vez que aperta um botão? Das pedras brota mais vida que dos artefatos, o ar sussurra mais canções, a água penetra segredos que a ciência dos humanos desconhece.

 

 

 

Quando a lente construída com engenhosidade amplia a visão dos detalhes do mundo, o mago que a conduz pode iludir-se na sensação de estar à parte, no extremo estéril do outro lado da máquina. Se ouvir a voz da mãe, acordará, apesar de si mesmo. E reconhecerá o ventre em que vive na companhia de tudo: pedra e lodo, metal e flor, sangue e arte, vidro e cor.

Reencantado, o artista saberá que tudo o que cria se recria na terra em que ele mesmo é criado e recriado. Contemplará a beleza que antecede e finaliza toda imagem, exclamará extasiado: minha Mãe, sois um primor de formosura. E ouvirá a resposta: são seus olhos, meu filho.

Antonio Alves

Placa Mãe, de Fabiano Carvalho

Eduardo Bartolomeo (Presidente)

 

Malu Paiva (VP Executiva de Sustentabilidade)

Alexandre D’Ambrosio (VP Executivo de Assuntos Corporativos e Institucionais)

Gustavo Pimenta (VP Executivo de Finanças e Relações com Investidores)

Carlos Medeiros (VP Executivo de Operações)

Marina Quental (VP Executiva de Pessoas)

Alexandre Pereira (VP Executivo de Projetos)

Marcello Spinelli (VP Executivo de Soluções de Minério de Ferro)

Rafael Bittar (VP Executivo Técnico)

CONSELHO ESTRATÉGICO

Malu Paiva (Presidente)

Flávia Constant (Vice-presidente)

Hugo Barreto

Octavio Bulcão

 

 

 

DIRETORIA EXECUTIVA

Hugo Barreto (Diretor Presidente)

Luciana Gondim

Gisela Rosa

PROJETOS E PATROCÍNIOS

Marize Mattos

 

Equipe: Ana Beatriz Abreu; Barbara Alves; Elizabete Moreira; Eunice Silva; Fabianne Herrera; Flávia Dratovsky; Jessica Morais; Joana Martins; Luciana Vieira; Maristella Medeiros; Michelle Amorim; Neila Souza; Nihara Pereira; Renata Mello​

 

 

Gabriel Gutierrez (Direção)

Deyla Rabelo (Assistência de Direção)

Ubiratã Trindade (Coordenação do Programa Educativo)

Alcenilton Reis Junior; Amanda Everton e Maeleide Moraes Lopes (Educadores)

Ana Camilly Ferreira, Dianna Serra e Lyssia Santos (Estagiárias do Programa Educativo)

Edízio Moura (Coordenação de Comunicação)

Aiara Dália (Assistência de Comunicação)

Nat Maciel (Coordenação de Produção)

Fabio Pinheiro; Luty Barteix; Mayara Sucupira; Pablo Adriano Silva Santos e Samara Regina (Produtores)

Ana Beatris Silva (Coordenação Financeira – Em Conta)

Tayane Inojosa (Financeiro)

Ana Célia Freitas Santos (Administrativo)

Isabella Alves (Estagiária Administrativo)

Adiel Lopes e Jaqueline Ponçadilha (Recepção)

Fábio Rabelo; Kaciane Costa Marques e Luzineth Nascimento Rodrigues (Zeladoria)

Yves Motta (Supervisão geral de manutenção); Gilvan Brito e Jozenilson Leal (Manutenção)

Charles Rodrigues; Izaías Souza Silva; Raimundo Bastos e Raimundo Vilaça (Segurança)

OCUPA CCVM

Amazônia em foco 2024

 

Clementino Almeida (Tino Txai) , Fabiano Carvalho,  Francelino Moraes Mesquita, Paty Wolff, Thiago Fonseca

 

Curadoria

Camila Fialho

Deyla Rabelo

Larissa Anchieta

Rose de Lima

Coordenação Artística

Deyla Dayane

Gabriel Gutierrez

Expografia

Gabriel Gutierrez

Raimundo Tavares

Textos

Antonio Alves

Gabriel Gutierrez

Jandir Gonçalves

Iluminação

Luis Zabel

Comunicação Visual

Fábio Prata, Flávia Nalon, Yugo Borges (PS.2)

Revisão de Textos

Aiara Dália

Edízio Moura

Impressão

Daniel Renault (Giclê Fine Art)

Produção Executiva

Maíra Silvestre, Marcelo Comparini (MC²)

Produção

Fábio Pinheiro

Luty Barteix

Mayara Sucupira

Nat Maciel

Pablo Adriano

Samara Regina

Montagem

Diones Caldas

Fábio Nunes Pereira

Marlyson Nunes

Monique Vitória

Rafael Vasconcelos

Renan José

Vanessa Serejo

 

CENOTECNIA

Pintura

Francivaldo Santos

Gilvan Brito

Elétrica

Jozenilson Leal

Marcenaria

Edson Diniz Moraes

Dyoene Frazão Ribeiro

Francisco Diniz

José de Ribamar Pereira da Silva

Serralheira

José Cantanhede