Exposição Africana - o diálogo das formas

01 agosto a 01 novembro 2018

Africana: o Diálogo das Formas

Tão longe, tão perto

Os longos séculos em que nossa sociedade se organizou em torno da escravidão nos deixaram muitos fardos a superar. Um deles é ainda estarmos tão apartados da África, o continente de onde vem umas das matrizes da nossa cultura, talvez a predominante. As raras oportunidades que temos aqui de contato direto com a produção artística africana nos permitem perceber tantos elementos familiares, tantas permanências, que nos perguntamos: por que nos mantemos tão longe do que nos é tão próximo?

Por isso esta exposição nos parece especialmente importante e temos a satisfação de poder realizá-la no ano em que o CCVM celebra a grandeza do negro na cultura. Agradecemos a Eduardo Couto a disposição de mostrar sua coleção aos maranhenses. Reunir e compartilhar é o nobre papel que um colecionador pode exercer, ainda são poucos os que o fazem.

Aqui estão presentes obras oriundas de 14 países, produzidas por 62 povos, cuja arte tem características e linguagens escultóricas bem diferenciadas. Trata-se de arte vinculada à tradição desses povos, que está associada a funções sociais de forte significado para as comunidades e que permanece sendo produzida. Cabe destacar que esta não é a única forma de arte presente nos países aqui representados, que possuem cultura rica e diversa. Mas, certamente, é uma das mais fascinantes, pela sofisticação estética, pela diversidade de soluções escultóricas e pelos muitos sentidos que carrega, como a curadora procura mostrar. Não é por mero modismo que este segmento da arte africana seduz o mundo há pelo menos dois séculos, sua força é impressionante e continua a influenciar as artes de modo geral.

Nas caretas de cazumba, nos ex-votos, no apuro estético… podemos entrever o Maranhão e a cultura brasileira em diversas obras dessa exposição, ela permite muitas aproximações e… reencontros.

Paula Porta