Lançado em 1999, o livro Babado Forte, de Erika Palomino, dedicou-se a contar os movimentos da juventude dos anos 1990 de Rio-São Paulo, sob os eixos de moda, música e comportamento, em mais de cem entrevistas – incluindo ícones internacionais como Madonna, RuPaul e Kate Moss.
Com 10 mil cópias vendidas, Babado Forte é um livro-reportagem, cujo conteúdo jornalístico e de registro de uma década (1989-1999) se manteve intacto e virou referência, tendo conquistado um público de pessoas interessadas em conhecer o epicentro de fenômenos definidores nos anos que se seguiram.
CICLO BABADO FORTE
Às vésperas de completar 25 anos do lançamento do livro, a autora reuniu, em parceria com o CCVM, um time de pesquisa composto por profissionais de diferentes formações e territórios para pensar a partir do livro Babado Forte, ampliando o espectro da publicação até os dias de hoje e para além do eixo sudestino, incluindo capitais como São Luís, Belém, Recife, Fortaleza, Salvador e do sul do país.
A partir da música, do comportamento e da moda dos anos 1990, o Ciclo BABADO FORTE levará ao público do CCVM novidades e transformações na juventude brasileira e em suas produções, desde os anos 2000 até o agora, compartilhando investigações sobre como o revivalismo da década de 90 reverbera na música, na noite e na moda de hoje.
Crédito: Claudia Guimarães
Entre os anos 1920 e 1950, as big bands enchiam os palcos de casas noturnas e salões de baile pelo mundo afora com seus muitos músicos e som que fazia o público dançar num período que ficou conhecido como a Era do Swing. A música era acústica, tocada ao vivo, portanto a dança, apesar de frenética, não poderia ser espalhafatosa, para que não ofuscasse o som da banda.
A partir do final do anos 1950 as coisas começaram a mudar com a chegada da chamada música mecânica, comandada por orquestras de um homem só, os disc-jóqueis. No Brasil, o ano de 1958 marcou a estreia do técnico de rádio Osvaldo Pereira, que se tornaria o primeiro DJ do país, ao ocupar salões de baile aos domingos, dia de folga das big bands, levando consigo um ajudante, um equipamento de som valvulado, construído por ele mesmo, uma vitrola importada e um punhado de discos. Nascia a Orquestra Invisível Let’s Dance, nome que Osvaldo usou para comandar seus bailes entre 1958 e 1968 em diversos bailes de São Paulo. Ele segue em atividade hoje, aos 86 anos, e recentemente se apresentou no festival da Batekoo em São Paulo. Nesta oficina, a jornalista, DJ, pesquisadora musical e curadora Claudia Assef remonta os últimos 70 anos de noite dançante no Brasil.
Autora de Todo DJ já sambou: a história do disc-jóquei no Brasil, Claudia Assef é jornalista e passou pela redação de jornais como Folha de S.Paulo e O Estado de S Paulo. Esteve à frente da Galeria Olido, por meio da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Fundou o portal Music Non Stop, e é cofundadora do WME, maior evento de mulheres na música do Brasil.
Como a música eletrônica penetrou com tanta profundidade nas culturas musicais das periferias do Brasil? Além de absorver influências estrangeiras, os artistas periféricos transformaram equipamentos eletrônicos e softwares, criando um idioma musical próprio e singular. Nesta conversa, discutiremos abordagens para construir uma história popular e diversa da música eletrônica brasileira.
GG Albuquerque é jornalista e doutorando em Estéticas e Culturas da Imagem e do Som pela Universidade Federal de Pernambuco. Escreve para o portal jornalístico Volume Morto e é co-fundador do podcast Embrazado, ambos dedicados às culturas musicais das periferias brasileiras. Foi curador do edital Natura Musical, em 2020, e do edital Oi Futuro, em 2021. Escreveu e apresentou um documentário sobre bregafunk, produzido pelo Spotify, em 2019. E atualmente trabalha em um longa-metragem sobre o funk mandelão de São Paulo a partir do universo musical do DJ K, do Baile do Helipa.