Este documentário, co-dirigido pela pesquisadora indígena Nyg Kuitá Kaingang e pela antropóloga Paola Gibram, apresenta reflexões e performances dos integrantes do coletivo de juventude kaingang Nẽn Ga, da Terra Indígena Apucaraninha, localizada no norte do estado do Paraná, na região sul do Brasil. As vozes kaingang – kanhgág vĩ – apresentam-se neste documentário por meio das falas de alguns dos integrantes e de pessoas ligadas ao coletivo, bem como por meio dos cantos – considerados uma das principais formas pelas quais presentificam seus ancestrais [javé] e trazem para perto de si seus jagré [espíritos-guia]. O filme mostra a forte ligação do movimento Nẽn Ga com a escola indígena, explorando as formas pelas quais os kaingang contemporâneos refletem sobre as usurpações culturais e existenciais decorrentes dos muitos anos de contato com os fóg [brancos, não-indígenas] e a necessidade urgente de se retomar as práticas e conhecimentos kanhgág que lhes foram proibidos ou violados – os quais consideram que estavam “dormindo” e agora estão sendo “acordados”. No filme são exibidas cenas da Festa do Pãri, uma das principais retomadas realizadas pelo coletivo. Durante os cinco dias de festa, os kaingang ficam acampados à beira do rio Apucaraninha, durante os quais preparam o pãri, uma armadilha de pesca ancestral kaingang, feita de taquara trançada. O documentário mostra também a participação do Nẽn Ga em eventos de mobilização política indígena, uma das principais vertentes de atuação e formação deste coletivo.
O rap já é uma das formas mais usadas de comunicação indígena. Há diversos grupos e artistas que servem a esse estilo musical. Kunumi MC é uma das principais vozes. Na intimidade da sua aldeia, sentimos a batida perfeita. Manaus é a cidade que mais têm indígenas vivendo. No seu lindo teatro encontramos o artista José Tikuna. Pioneiro em apresentações de rua na cidade, que agora vem sendo reconhecido e faz shows em novos espaços. Na outra parte vamos até ao Parque das Tribos, um lugar de muita luta e conflitos onde surgem artistas da resistência. O povo Kokama e Tikuna cantam suas ancestralidades.
Brisa Flow canta Rap como ferramenta oral contra o epistemicídio e o genocídio de los pueblos indígenas de Abya Yala.
A sociedade brasileira, em geral, tem uma visão estereotipada sobre os povos indígenas. É constante a imagem romantizada vigente nas redes sociais e meios de comunicação que reforça a ideia de que para ser realmente indígena é preciso viver na floresta, ser “puro” e não ter acesso à tecnologia. Indígenas em contexto urbano sofrem preconceito porque muitas pessoas acreditam que vivendo na cidade ele perdeu suas raízes. Mas ser índio não é uma questão de cocar de pena, urucum e arco e flecha, algo aparente e evidente, mas sim uma questão de “estado de espírito”. É sobre esse assunto que essa roda de conversa vai versar com a presença dos criadores da série de TV “Sou índio, sou moderno”.