Indígenas.BR - Festival de Músicas Indígenas - Programação 12/09

Dia 12/09 – domingo – 19h

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Mostra de documentários
– Nẽn Ga vī: uma retomada kanhgág em movimento – Direção: Nyg Kuitá Kaingang e Paola Gibram
– Exibição do episódio Sou moderno, sou músico, da série inédita Sou moderno, sou índio,  em exibição única. Direção: Carlos Magalhães
Show
– Brisa Flow –  Canto pra tecer memórias*
Bate-papo
– O audiovisual em diálogo com os mundos indígenas contemporâneos – Carlos Magalhães, Renata Tupinambá e Dedé Maia (roteiristas). Mediação: Idjahure Kadiwel.

Nẽn Ga vī: uma retomada kanhgág em movimento

Este documentário, co-dirigido pela pesquisadora indígena Nyg Kuitá Kaingang e pela antropóloga Paola Gibram, apresenta reflexões e performances dos integrantes do coletivo de juventude kaingang Nẽn Ga, da Terra Indígena Apucaraninha, localizada no norte do estado do Paraná, na região sul do Brasil. As vozes kaingang – kanhgág vĩ – apresentam-se neste documentário por meio das falas de alguns dos integrantes e de pessoas ligadas ao coletivo, bem como por meio dos cantos – considerados uma das principais formas pelas quais presentificam seus ancestrais [javé] e trazem para perto de si seus jagré [espíritos-guia]. O filme mostra a forte ligação do movimento Nẽn Ga com a escola indígena, explorando as formas pelas quais os kaingang contemporâneos refletem sobre as usurpações culturais e existenciais decorrentes dos muitos anos de contato com os fóg [brancos, não-indígenas] e a necessidade urgente de se retomar as práticas e conhecimentos kanhgág que lhes foram proibidos ou violados – os quais consideram que estavam “dormindo” e agora estão sendo “acordados”. No filme são exibidas cenas da Festa do Pãri, uma das principais retomadas realizadas pelo coletivo. Durante os cinco dias de festa, os kaingang ficam acampados à beira do rio Apucaraninha, durante os quais preparam o pãri, uma armadilha de pesca ancestral kaingang, feita de taquara trançada. O documentário mostra também a participação do Nẽn Ga em eventos de mobilização política indígena, uma das principais vertentes de atuação e formação deste coletivo.

Ficha técnica: cor, 28min, 2019.
Direção: Nyg Kuita Kaingang e Paola Andrade Gibram.
Câmeras: Nyg Kuita Kaingang, Paola Andrade Gibram e Anilton Ayn’My Lourenço.
Som: Paola Andrade Gibram.
Montagem: Nyg Kuita Kaingang, Paola Andrade Gibram e Ricardo Dionisio.
Transcrições para o kaingang: Goj Téj Kuitá.
Traduções: Nyg Kuita Kaingang e Goj Téj Kuitá.
Produção: Laboratório de Imagem e Som em Antropologia (LISA-USP).
Apoio: FAPESP, CEstA e PET.
Coletivo Nen Ga 
A pesquisadora indígena Nyg Kuitá Kaingang é integrante do coletivo de juventude kaingang Nẽn Ga, da Terra Indígena Apucaraninha, localizada no norte do estado do Paraná, na região sul do Brasil. Nyg é colaboradora da Rede de Juventude Indígena (REJUIND),  atuando como ponto focal na Região Sul, incidindo nos espaços nacionais e  internacionais, junto a demais colaboradores. É membro da Articulação dos  Povos Indígenas do Brasil (APIB) e fez parte da comissão de organização da Primeira  Marcha das Mulheres Indígenas em Brasília, 2019. Atua também como pesquisadora  indígena no Programa de Educação Tutorial (PET Litoral Indígena UFPR/ Conexões  Saberes).
Paola Gibram
Antropóloga e musicista (instrumentista e  compositora). Desenvolve pesquisas e projetos com povos indígenas há 15 anos,  atuando mais diretamente com os Kaingang do Sul do Brasil. Possui graduação em  Ciências Sociais e mestrado em Antropologia Social pela Universidade Federal de  Santa Catarina e atualmente é doutoranda em Antropologia Social pela Universidade  de São Paulo. Como pesquisadora, é filiada ao Centro de Estudos Ameríndios  (CEstA/USP) e ao Núcleo de Estudos em Artes, Cultura e Sociedade na América  Latina e Caribe (MUSA), coordenado pelo prof. Rafael José de Menezes Bastos. É  autora do livro “Penhkár: política, parentesco e outras histórias kaingang” (Appris/  Instituto Brasil Plural) e de artigos publicados em revistas acadêmicas. Nos últimos  anos, tem desenvolvido trabalhos de assessoria de comunicação e de realização de  projetos a coletivos indígenas da região Sul, com destaque aos Kaingang do Paraná.  Produziu recentemente um documentário e diversos artigos em coautoria com  pesquisadores indígenas. Os temas de suas pesquisas centram-se em artes e  políticas ameríndias (com ênfase em artes verbais e musicais), história indígena e  etnologia indígena. Como musicista, realiza performances e pesquisas no âmbito das musicalidades populares brasileiras, tendo já realizado com seus grupos, turnês pela  Espanha, Argentina e diversos estados brasileiros.

Episódio 'Sou moderno, sou músico', da série inédita 'Sou moderno, sou índio'

O rap já é uma das formas mais usadas de comunicação indígena. Há diversos grupos e artistas que servem a esse estilo musical. Kunumi MC é uma das principais vozes. Na intimidade da sua aldeia, sentimos a batida perfeita. Manaus é a cidade que mais têm indígenas vivendo. No seu lindo teatro encontramos o artista José Tikuna. Pioneiro em apresentações de rua na cidade, que agora vem sendo reconhecido e faz shows em novos espaços. Na outra parte vamos até ao Parque das Tribos, um lugar de muita luta e conflitos onde surgem artistas da resistência. O povo Kokama e Tikuna cantam suas ancestralidades.

Aconselhamento indígena: Dedê Maia, Renata Machado Tupinambá
Argumento: Dedê Maia, Carlos Eduardo Magalhães
Diretor: Carlos Eduardo Magalhães
Co-diretor: Priscilla Tapajowara
Produtor: Tiago Tambelli, Luana Korossy, Virginia Barbosa Gandres, Nina Lemos, Vanessa Lias
Roteiro: Renata Machado Tupinambá, Inês Figueiró
Direção de fotografia:Priscilla Tapajowara, Wewito Pyäko Ashaninka, Carlos Eduardo Magalhães
Direção da arte: Denilson Baniwa
Aviso musical: Rádio Yandê
Som direto:Caio Tupã
Editor:José Roberto Oliveira
Finalização: Videocubo
Canal: CineBrasilTV

 

Brisa Flow –  Canto pra tecer memórias

Brisa Flow canta Rap como ferramenta oral contra o epistemicídio e o genocídio de los pueblos indígenas de Abya Yala.

Edição: Ian Wapichana
Brisa Flow
Brisa De La Cordillera, de origem Mapuche, é mineira e filha de artistas chilenos. Cantora, musicista, compositora, poeta, performer e produtora musical. Ganhadora do prêmio Olga Mulheres Inspiradoras 2018. Iniciou seu processo artístico em Belo Horizonte e mistura a levada latina com rap, sons orgânicos, música indígena, eletrônico e neo/soul. Suas músicas giram em torno da resistência da mulher indígena urbana, empoderamento feminino, desigualdade social na América Latina e a cura pela potencialidade do afeto.

Bate-papo - O audiovisual em diálogo com os mundos indígenas contemporâneos

Participantes: Carlos Magalhães, Renata Tupinambá e Dedé Maia (roteiristas)

Mediação: Magda Pucci

 

A sociedade brasileira, em geral,  tem uma visão estereotipada sobre os povos indígenas. É constante a imagem romantizada vigente nas redes sociais e meios de comunicação que reforça a ideia de que para ser realmente indígena é preciso viver na floresta, ser “puro” e não ter acesso à tecnologia.  Indígenas em contexto urbano sofrem preconceito porque muitas pessoas acreditam que vivendo na cidade ele perdeu suas raízes. Mas ser índio não é uma questão de cocar de pena, urucum e arco e flecha, algo aparente e evidente, mas sim uma questão de “estado de espírito”. É sobre esse assunto que essa roda de conversa vai versar com a presença dos criadores da série de TV “Sou índio, sou moderno”.

Carlos Eduardo Magalhães 
Diretor cinematográfico, destaque para o longa-metragem Ara Pyau Primavera Guarani, 76 minutos, vencedor do Prêmio Rigoberta Menchú no 28º Festival Présence Autochtone 2018, em Montreal, Canadá. É autor e diretor da série Sou Moderno Sou Índio, Cinebrasiltv, 2021. Presta assessoria para projetos no Brasil e América Latina. É assessor de projetos no laboratório internacional BOLIVIA LAB desde 2015, no ACAMPADOC desde 2016 no Panamá e no Festival de Cinema Arica Nativa, no Chile, desde 2020. Sócio fundador da Laranjeiras Produções.
Renata Tupinambá
Jornalista, produtora, poeta, consultora, curadora, roteirista e artista visual. Trabalha e pesquisa a comunicação voltada para decolonização dos meios de comunicação, fortalecimento das narrativas indígenas no cinema, TV,  literatura, áudio e música.
Atua desde 2006 com difusão das culturas indígenas e comunicação. É Co-fundadora da Rádio Yandê, primeira web rádio indígena do Brasil. Colaboradora do Visibilidade indígena. É co-roteirista da série Sou Moderno, Sou Índio do Cine Brasil TV. Foi assistente de produção e comunicação no Observatório de Ecos do músico Marcelo Yuka. Criadora do podcast Originárias, primeiro no Brasil de entrevistas com artistas e músicos indígenas, que íntegra a central de Podcasts femininos PodSim. Atualmente trabalha também na produção de artistas e músicos indígenas.
Dedé Maia 
Autora do projeto “Centro de Documentação e Pesquisa Indígena da CPI-AC.”. Hoje, uma fonte de pesquisa disponível para estudantes, pesquisadores, historiadores, etc. indígenas e não indígenas. Mentora de projetos de documentação como: Huni Meka, os cantos do cipó dos Huni Kui e A Arte do Kene e histórias de origem dos Huni Kui, livros já publicados (IPHAN e CPI-Ac). Autora do Projeto de Arte, Projeto Jibóia, para escolas não indígenas, aplicados em escolas Montessorianas do Rio de Janeiro. Curadora de exposições do universo indígena: Saberes da Floresta (textos e fotografias) sobre o trabalho dos professores indígenas e agentes agro-florestais indígenas – Museu dos Autonomistas – Rio Branco (AC); A Arte do Kene e suas Histórias de Origem – Museu do Folclore do Rio de Janeiro e em Lisboa/Portugal durante a Eco 92, através do Ministério do Meio Ambiente.
Como escritora, escreveu o livro “Viagens pelos rios do interior”. Livro que conta a história da reconquista dos territórios indígenas e o início do indigenismo acreano. Em 2014 escreveu o argumento e dirigiu o documentário audiovisual “Xinã Bena” (Novo Tempo), o qual fala das transformações sociais, políticas, econômicas e culturais nos diferentes tempos vividos pelos Huni Kui, a partir do tempo das malocas a esse tempo atual. Autora, junto com o cineasta Carlos Eduardo Magalhães, da série “Sou Moderno, Sou Índio”.
Idjahure Kadiwel 
Idjahure Kadiwel é poeta, editor, tradutor e antropólogo indígena, pertencente aos povos Terena e Kadiwéu. É editor da coleção Tembetá (Azougue Editorial) e do catálogo da exposição Véxoa: Nós sabemos (Pinacoteca de São Paulo), correspondente da Rádio Yandê e apresentador do podcast Nhexyrõ: artes indígenas em rede. É mestre em Antropologia Social pelo Museu Nacional/UFRJ e doutorando na Universidade de São Paulo.