A atriz, cantora, compositora e rabequeira Renata Rosa se relaciona há mais de 20 anos com os Kariri-Xocó que vivem às margens do Rio São Francisco no município de Porto Real do Colégio em Alagoas. Os cantores – com seus torés e rojões – somados a uma forte espiritualidade encantaram a artista ainda muito jovem que, desde então, passou a visitá-los com freqüência para passar longas temporadas com os Kariri-xocó, participando de suas rodas de canto de rojão, que se tornaram forte referência e inspiração para seu canto e sua música. Depois de muitos anos cantando juntos no território kariri-xocó, foi a vez de Renata convidá-los para participarem de seus álbuns e, posteriormente, criarem juntos um espetáculo com o qual se apresentaram em importantes Teatros e Rádios no exterior.
Eberu Suira e sua irmã Cema participaram de uma turnê pela Europa com Renata Rosa, incluindo o importante Theatre de la Ville em Paris, divulgando assim essa cultura trazida pela memória dos ensinamentos deixados pelos seus antepassados. Além desse registro nesse importante teatro, há outros encontros informais de Renata com Cema e Eberú na aldeia, mostrando intimidade e alegria do convívio e das cantoria juntos em registros feitos por Melissa Huart.
Os Pankararu são um povo de Pernambuco e realizam rituais como o Toré e a Corrida do Umbu, registrado em 2007 pelo pesquisador e músico Alfredo Bello. Os tocadores Eduardo no Pife e Antônio Sarrin no rabo de tatu celebram a renovação de fé e cultura desse povo durante a parte final da Corrida do Umbu. Muitos Pankararu migraram para São Paulo desde a década de 1950, e vivem principalmente na comunidade Real Parque no Morumbi e em outras localidades da capital e região, mantendo viva sua cultura. A segunda parte do vídeo mostra a participação de Lidiane Pankararu com seu grupo, abrindo as comemorações de 15 anos do selo Mundo Melhor de Alfredo Bello.
Saída da Corrida do Umbu fevereiro
A Corrida do Umbu é um dos mais importantes ritos do povo Pankararu de Pernambuco, tem duração de 3 meses e sua finalização acontece durante 4 finais de semana a partir do sábado de Carnaval. Nesse vídeo, vemos um trecho do ritual acontecendo no segundo final de semana, aqui a saída do terreiro Nascente, aonde acontece a celebração até meio da tarde e sai em direção ao terreiro do Poente. Quem comandou essa saída por muitos anos foi o Pajé Francisco, que puxa as músicas, que em julho de 2021 nos deixou. Ao lado dele, Dora e Barbara, duas lideranças do povo Pankararu, na frente do grupo o Pife e o Rabo de Tatu, instrumentos importantes da cultura dos Pankararu.
Os Praiás, que simbolizam os encantados dos Pankararu, acompanham a saída, vemos também pessoas com galhos de cansanção, tipo de Urtiga utilizada no ritual pelos Pankararu.
Apresentação Pankararu em São Paulo
Os Pankararu desde os anos 1950 vieram trabalhar em São Paulo e se localizaram na beira do Rio Pinheiros. Com a gentrificação da região, foram empurrados para a área que hoje é a comunidade do Real Parque. Lá eles têm uma Associação cultural que mantém suas práticas culturais e religiosas. No vídeo, há um trecho da apresentação da comunidade Pankararu durante apresentação dos 15 anos do projeto Selo Mundo Melhor no Sesc Pompeia em 2019.
Gravado na Aldeia Multiétnica, Chapada dos Veadeiros em Goiás em 2019, essa música “Yaathelha Setsotwalha” faz parte do repertório e do álbum “Cafurnas Fulni-ô – Woxtonã Yaathe lha Kefkyandodwa Kefte” – “Venha ouvir o Yaathe, a nossa língua que vocês nunca ouviram”. Os Fulniô-o são um povo indígena de Pernambuco e seus cantos são liderados por Naxiá Fulni-ô. O video se inicia com a narração de Fookhlyla Fulni-ô contanto sobre a importância de se cantar na língua e proteger sua cultura. O projeto Cafurnas Fulni-ô é uma homenagem a Santxiê Tapuya Fulni-ô, em memória de sua luta e resistência no Santuário Sagrado dos Pajés – Brasília.
Gean Ramos Pankararu é cantor, compositor e violonista considerado revelação da música nordestina e da música indígena contemporânea. Do sertão de Pernambuco em Jatobá, sua música atravessou os limites da aldeia Pankararu. Gean apresenta nesse video músicas recentemente compostas como As Rimas, Velhos Pajés, Haikai, Nanã e Cartão Postal Pankararu em cenários do agreste pernambucano. Francisco, onde nasceu sendo criado. Tem 20 anos de carreira, com um violão nas costas e diversas composições autorais na bagagem.
Quem pensa não haver indígenas no Nordeste, se engana. Segundo os dados do IBGE de 2010, no Nordeste, encontra-se a segunda maior população indígena no Brasil (27,8%) representada pelos povos Pankararu, Fulni-ô, Kariri-Xocó, Xucuru dentre outros. Embora, por muitas décadas, esses povos não se auto-denominavam indígenas por conta de forte repressão do Estado que os proibiam de falar suas línguas e realizar seus rituais, atualmente vem ocorrendo um processo de recuperação dessas identidades, fortalecidas pelo ritual do Toré, uma expressão espiritual de grande importância no Nordeste indígena.
Nesta roda de conversa, o papo será entre os cantadores Kariri-Xocó Cema e Eberu que, em parceria com Renata Rosa, realizaram apresentações em alguns palcos do mundo divulgando as polifonias desse povo. Alfredo Bello, músico e pesquisador fez um registro do ritual dos Pankararu que acontece em Pernambuco e conversa com a Lidiana Pankararu sobre a Corrida do Imbu.