A música fala da importância de se voltar à aldeia, fazendo o GRANDE CAMINHO e de abraçar e cantar a cultura da luta de todos os povos, para manter viva a chama ancestral.
A letra traz essa mensagem de força, resistência e união dos povos dentro e fora da aldeia. A musicalidade indígena cantada pelos filhos da terra não perde sua essência e originalidade.
Márcia Wayna Kambeba é cantora, compositora, palestrante e pertence ao povo Omágua Kambeba. Nascida em uma aldeia Tikuna no Alto Solimões, a mestra em Território e Identidade Indígena também é escritora. Publicou Ay Kakyti Tama – Eu moro na cidade e O lugar do saber, com poesias que retratam a luta e vivência da mulher e povos indígenas. Cantora, compositora, fotógrafa da vivência dos povos, palestrante e professora, Márcia traduz as questões indígenas para e nas grandes cidades em poesias, contos, músicas e artigos.
Ao som ancestral do canto de Djuena Tikuna, Tetchi’arü’ngu ganha uma nova versão nas mãos do instrumentista e DJ Eric Marky Terena.
Djuena Tikuna
Cantora e compositora do povo Tikuna que vive na zona fronteiriça entre o Brasil, a Colômbia e o Peru. Nascida na Aldeia Umariaçu II, no município de Tabatinga-AM, é também jornalista e ativista. O nome Djuena significa “a onça que pula o rio”. Foi a primeira indígena a protagonizar um espetáculo musical, nas comemorações dos 121 anos do Teatro Amazonas de Manaus, em 2017, onde lançou o seu primeiro álbum Tchautchiüãne. Realizou também a primeira Mostra de Música Indígena – WIYAE com artistas indígenas do Amazonas. Todas as suas composições estão na língua tikuna. Tikuna foi uma das vozes do ‘Sonora Brasil’, um projeto cujo objetivo é levar a música de povos originários em turnê por todo o Brasil, possibilitando o contato com a diversidade da música brasileira, incentivar novos hábitos de apreciação musical e levar a música para fora dos grandes centros urbanos.
Em 2016, Djuena cantou o Hino Nacional Brasileiro em língua tikuna na abertura das Olimpíadas. Depois do lançamento do seu primeiro álbum, Djuena realizou uma série de concertos em São Paulo, a convite de Magda Pucci, cantora e pesquisadora de música indígena. Apresentou-se em salas como o Sesc Taubaté, Sesc 24 de maio e Estúdio Mawaca. Em 2019, participou no primeiro festival de música indígena do Brasil, o Yby Festival, em São Paulo, ao lado de outros artistas e agentes culturais da comunidade indígena. Também esteve na Europa, se apresentando na França, na Bélgica, Holanda mostrando sua arte.
Em 2018, foi a primeira artista oriunda da Amazônia brasileira a ser nomeada para o Indigenous Music Awards do Canadá, na categoria de Melhor Artista Indígena Internacional, pelo álbum Tchautchiüãne.
DJ Erik Marky Terena
Eric Marky Terena é membro idealizador da Mídia Índia e graduado em jornalismo pela Universidade Católica Dom Bosco, localizada em Campo Grande, capital de seu estado (Mato Grosso do Sul). Através da comunicação, ele busca mostrar ao mundo a luta do seu povo e de outros povos indígenas brasileiros. É especialista em etnomídias e atualmente desenvolve um trabalho de produção de música eletrônica e cantores indígenas de diversos cantos do Brasil.
Vídeo com o grupo Tupinambá do Tapajós no Pará, que resistem e protegem o patrimônio ambiental, territorial e cultural, com outros diferentes povos na região, tendo como principal bandeira de luta a demarcação dos territórios, (hoje) situado na Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns, município de Santarém, oeste do Pará.
A resistência contra o processo de colonização a qual foram submetidos é evidenciada de diversas maneiras, desde a ligação com a natureza, crenças, costumes e atuação cosmopolítica.
“Uma louvação aos imortais, aos Uüne, aos Mayra, aos encantados”. Assim, Djuena Tikuna define sua intimista apresentação musical, à capella, durante sua visita à terra indígena Araribóia, na Amazônia maranhense. Há mais de dois anos, a artista amazonense está radicada no Maranhão e tem buscado a força que os territórios emanam, fará fortalecer o seu canto e a amizade com os seus parentes Guajajara Tentehar.
Os Cantos que acalentam os Encantados nos remetem às forças ancestrais, sob um olhar engajado na luta pela garantia dos direitos indígenas, pela visibilidade das suas culturas em conexão cantante com a floresta. A cantoria dessa apresentação, em homenagem aos parentes do Maranhão, foi realizada no Centro de Saberes Tukan Tentehar, localizado no coração da Araribóia, e falam da herança da tradição, da floresta que habita em nós, da territorialidade e do sentimento que faz com que os povos indígenas se reconheçam enquanto parentes, filhos da terra.
Segundo a artista Tikuna, a cantoria é uma identidade que liga os povos originários. “Nosso canto nos conecta. Quando ouvimos o som do maracá, é o chamado dos espíritos para a grande festa que se inicia. É a celebração da vida, a resistência, nossa ancestralidade viva em cada um de nós”.
Os diálogos dos cantos tradicionais com composições autorais na vida de artistas indígenas são o foco desse bate-papo. A poesia mediada pelo canto por Márcia Kambeba, os cantos da tradição Tikuna adaptados para o palco por Djuena e o cancioneiro do cantautor Gean Ramos Pankararu apontam diferentes caminhos das músicas indígenas na contemporaneidade.